São Paulo, quinta-feira, 03 de janeiro de 2008

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Empresários prevêem aumento de preços

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) para o setor financeiro deve provocar aumento de preços e retração do consumo. É o que dizem empresários e representantes de classe consultados pela Folha.
"Não esperávamos essa vingança tão rápida", diz Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq (associação dos fabricantes de brinquedos). "Seria melhor fazer a CPMF de novo."
A CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) foi extinta pelo Congresso no final de 2007. Agora, com as novas medidas, o governo quer recuperar 25% dos cerca de R$ 40 bilhões que a arrecadação da CPMF gerava aos cofres públicos.
Com o aumento do IOF e da CSLL, os custos do setor produtivo, que freqüentemente recorre aos bancos para financiar a produção, serão mais altos. "Quem vai pagar essa conta é o consumidor", afirma Synésio Batista. "Não nos iludamos, os bancos não vão pagar pelo aumento da CSLL."
Para Humberto Barbato, presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), a elevação do IOF não será problema. "É como se continuássemos pagando a CPMF", afirma. "O preocupante é a CSLL."
Para financiar suas vendas às redes atacadistas, os fabricantes, em geral, buscam financiamentos para facilitar o pagamento a seus clientes. Agora, o custo da operação será maior e terá de ser repassado ao consumidor. "Nosso setor opera com margens de lucro muito pequenas", afirma Barbato. "Não dá para absorver essa alta."
O presidente da Eletros (que reúne fabricantes de eletroeletrônicos), Lourival Kiçula, também acredita que os bancos repassarão o aumento da CSLL e isso terá impacto não apenas nos preços mas no consumo.
A Folha apurou que apenas os varejistas que oferecem crédito a seus clientes utilizando recursos próprios ou de financiamentos feitos no exterior a juros mais baixos conseguirão manter suas taxas de juros aos clientes. Outra opção seria uma competição entre os bancos pela oferta de financiamentos a juros diferenciados.
"Mas eu duvido que eles não repassarão o aumento", diz Barbato, da Abinee.
Atualmente, a explosão de vendas nas redes varejistas sustenta-se principalmente pela oferta de crédito.
Para Emílio Alfieri, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), a elevação do IOF e da CSLL fará subir o custo do crédito para o consumidor. "É lamentável," diz. "Os tributos pagos pelos brasileiros já são suficientes para a realização dos programas sociais do governo. Essa decisão vai contra o desejo da opinião pública e mostra uma atitude de vingança, não parece uma decisão casual."
A Federação do Comércio do Estado de São Paulo também reprovou o pacote. "A sociedade deve acompanhar de perto e cobrar mais eficiência para que o ajuste não recaia apenas sobre o setor privado", diz o presidente Abram Szajman.


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