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VINICIUS TORRES FREIRE
Barbada nos impostos
Governo aumenta alíquota
de imposto cuja receita
cresce rápido, finge tributar
bancos e deve cortar vento
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ERA BARBADA , como se diz no
jóquei, o primeiro páreo do
"ajuste fiscal" pós-CPMF. O
governo apostou em cavalos tributários velozes. Quer dizer, aumentou a
alíquota de impostos cuja arrecadação tem crescido rápido, o Imposto
sobre Operações Financeiras (IOF)
e a CSLL (Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido). O IR-Pessoa Física é, na verdade, o que cresce mais,
mas Lula não pagaria para ver o vexame de elevar o IR.
Segunda barbada, o governo antecipou a malhação do Judas ao anunciar que parte da tributação adicional recairá só sobre bancos e cia., caso da CSLL (para Lula, só banco lucra muito). Mas os R$ 2 bilhões extras que o governo estima arrecadar
com a CSLL sairão de clientes de
banco e cia., trabalhadores remediados e empresas, que por sua vez devem repassar tais custos para todos.
No caso do IOF, há dúvidas. Poupados da CPMF, bancos e cia. podem achar interessante, dada a concorrência e a depender da atividade
econômica, compensar a alta do
custo de crédito, nem que seja para
fazer marketing ("seu carro novo em
120 meses, sem CPMF e o IOF novo!"). Empresas que têm suas financeiras (como o grande varejo) também podem vir a conter seus juros.
Em 2007, o governo deve ter arrecadado R$ 4,8 bilhões com a CSLL
de instituições financeiras, 50%
mais que em 2006. Parte disso veio
de abertura de capital de empresas
na Bolsa. Mas, em média, a receita
de CSLL das entidades financeiras
nos anos Lula (fora 2003) cresce
cerca de 9% ao ano, no passo do IOF
(que deve ter rendido uns R$ 8 bilhões). E a alegria nas Bolsas e o ritmo de concessão de empréstimos
tendem a diminuir em 2008. Estima-se, porém, que, com 4%, 4,5% de
crescimento do PIB em 2008, o governo consiga seus R$ 10 bilhões.
O governo diz ainda que cortará
R$ 20 bilhões, "especialmente" em
investimentos (bidu), e mais nada
explicou em seu confuso anúncio.
Parte do corte será vento, gastos
previstos e não realizados, show habitual de todo "pacote" de qualquer
governo; parte, não. Liberalóides
abobados festejaram a "rebelião
contra impostos" que teria sido o
fim da CPMF. Mas, previsível, o resultado será uma política fiscal pior.
Se o PIB crescer (com o decorrente aumento de formalização de trabalho e negócios), a arrecadação federal crescerá e escoará como sempre, pois quase todo dinheiro de impostos é vinculado, "é obrigatório
gastar" (e PSDB e DEM querem vincular mais). Haverá menos dinheiro
para investimento público e abatimento de dívida pública, que ainda
cairá devagar, gerando despesas
horríveis com juros. Novos projetos
em educação perderão verba. O governo vai reaver parte do imposto
perdido e a conta ficará para o cidadão comum. Os trocados extras que
viriam com o fim da CPMF virarão
troco miúdo mesmo. E nada foi feito
para conter o gasto corrente. Parabéns aos liberalóides e para o DEM.
vinit@uol.com.br
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