São Paulo, quinta-feira, 03 de janeiro de 2008

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Balança tem primeira piora em 10 anos

Com aumento das importações, superávit comercial recua de US$ 46,5 bilhões em 2006 para US$ 40 bilhões em 2007

Compras do exterior fecharam 2007 com alta de 32% e exportações subiram 16,6%; tendência é de saldo outra vez menor em 2008

LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O forte aumento das importações em 2007 interrompeu uma década seguida de crescimento do saldo comercial, representando uma mudança estrutural no comércio exterior brasileiro. As importações encerraram o ano passado em US$ 120,6 bilhões, 32% maior em comparação a 2006.
A balança comercial encerrou o ano passado com superávit de US$ 40 bilhões, menor que os US$ 46,5 bilhões registrados em 2006 e que os US$ 44,9 bilhões contabilizados em 2005. Como as compras no exterior devem seguir em ritmo acelerado, a tendências é de redução do superávit também este ano.
O encolhimento do saldo comercial irá gerar efeitos importantes na contabilidade do país. Devido a isso, a conta de transações correntes, que trata do movimento de mercadorias e serviços do país com o exterior, deve registrar em 2008 o primeiro déficit desde 2003.
De acordo com estimativa do Banco Central, este ano essa conta deve fechar com déficit de US$ 3,5 bilhões.
Ao comentar o desempenho da balança comercial, o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, argumentou que a queda do superávit não impediu o Brasil de registar um elevado nível de saldo comercial em comparação à maioria dos países.
Ele informou que o saldo de US$ 40 bilhões ainda assegura superávit comercial de 25% em relação às exportações. Segundo ele, com a exceção dos países exportadores de petróleo, somente a Argentina e a Indonésia registram percentuais superiores a 25%.
A expansão das importações foi sustentada pela maior encomenda ao exterior de máquinas, matérias-primas, bens intermediários e bens de consumo. Entre os fornecedores, o fato relevante foi a alta de 33% das encomendas feitas à Ásia. Somente em relação à China, as compras brasileiras aumentaram 57%.
Welber Barral também destacou que o nível das importações é baixo em comparação a outros países emergentes. Com os US$ 120,6 bilhões em gastos com compras no exterior, as importações passaram a responder por 10% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado, percentual inferior ao da Argentina (16%), China (30%) e México (30%).
A tendência é que as encomendas a fornecedores estrangeiros sigam aquecidas, mas podem não repetir o incremento de 32% verificado em 2007.
O secretário informa que alguns segmentos da indústria estão finalizando projetos de investimento, fato que vai conter as encomendas de máquinas. Por outro lado, a compra no exterior de equipamentos para portos e para a fabricações de aviões vai se manter em alta, diz Barral.

Virada
Com um crescimento mais modesto, de 16,6%, as exportações perderam brilho. Deixaram de ser o motor da economia, mas, ainda assim, exibem números vistosos.
No ano passado, as empresas brasileiras venderam US$ 160,6 bilhões em produtos e serviços no exterior.
Os produtos brasileiros mais exportados foram minério de ferro (US$ 10,5 bilhões, alta de 17,5%), petróleo (US$ 8,9 bilhões, alta de 28,7%), soja (US$ 6,7 bilhões, alta de 18%), aviões (US$ 4,7 bilhões, alta de 45%), automóveis (US$ 4,6 bilhões, alta de 0,8%), carne de frango (US$ 4,2 bilhões, alta de 44%) e carne bovina (US$ 3,5 bilhões, alta de 10,7%).


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