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Balança tem primeira piora em 10 anos
Com aumento das importações, superávit comercial recua de US$ 46,5 bilhões em 2006 para US$ 40 bilhões em 2007
Compras do exterior fecharam 2007 com alta de 32% e exportações subiram 16,6%; tendência é de saldo
outra vez menor em 2008
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O forte aumento das importações em 2007 interrompeu
uma década seguida de crescimento do saldo comercial, representando uma mudança estrutural no comércio exterior
brasileiro. As importações encerraram o ano passado em
US$ 120,6 bilhões, 32% maior
em comparação a 2006.
A balança comercial encerrou o ano passado com superávit de US$ 40 bilhões, menor
que os US$ 46,5 bilhões registrados em 2006 e que os US$
44,9 bilhões contabilizados em
2005. Como as compras no exterior devem seguir em ritmo
acelerado, a tendências é de redução do superávit também este ano.
O encolhimento do saldo comercial irá gerar efeitos importantes na contabilidade do país.
Devido a isso, a conta de transações correntes, que trata do
movimento de mercadorias e
serviços do país com o exterior,
deve registrar em 2008 o primeiro déficit desde 2003.
De acordo com estimativa do
Banco Central, este ano essa
conta deve fechar com déficit
de US$ 3,5 bilhões.
Ao comentar o desempenho
da balança comercial, o secretário de Comércio Exterior do
Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, argumentou
que a queda do superávit não
impediu o Brasil de registar um
elevado nível de saldo comercial em comparação à maioria
dos países.
Ele informou que o saldo de
US$ 40 bilhões ainda assegura
superávit comercial de 25% em
relação às exportações. Segundo ele, com a exceção dos países
exportadores de petróleo, somente a Argentina e a Indonésia registram percentuais superiores a 25%.
A expansão das importações
foi sustentada pela maior encomenda ao exterior de máquinas, matérias-primas, bens intermediários e bens de consumo. Entre os fornecedores, o
fato relevante foi a alta de 33%
das encomendas feitas à Ásia.
Somente em relação à China, as
compras brasileiras aumentaram 57%.
Welber Barral também destacou que o nível das importações é baixo em comparação a
outros países emergentes. Com
os US$ 120,6 bilhões em gastos
com compras no exterior, as
importações passaram a responder por 10% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado, percentual inferior ao da
Argentina (16%), China (30%)
e México (30%).
A tendência é que as encomendas a fornecedores estrangeiros sigam aquecidas, mas
podem não repetir o incremento de 32% verificado em 2007.
O secretário informa que alguns segmentos da indústria
estão finalizando projetos de
investimento, fato que vai conter as encomendas de máquinas. Por outro lado, a compra
no exterior de equipamentos
para portos e para a fabricações
de aviões vai se manter em alta,
diz Barral.
Virada
Com um crescimento mais
modesto, de 16,6%, as exportações perderam brilho. Deixaram de ser o motor da economia, mas, ainda assim, exibem
números vistosos.
No ano passado, as empresas
brasileiras venderam US$
160,6 bilhões em produtos e
serviços no exterior.
Os produtos brasileiros mais
exportados foram minério de
ferro (US$ 10,5 bilhões, alta de
17,5%), petróleo (US$ 8,9 bilhões, alta de 28,7%), soja (US$
6,7 bilhões, alta de 18%), aviões
(US$ 4,7 bilhões, alta de 45%),
automóveis (US$ 4,6 bilhões,
alta de 0,8%), carne de frango
(US$ 4,2 bilhões, alta de 44%) e
carne bovina (US$ 3,5 bilhões,
alta de 10,7%).
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