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análise
Saldo vai cair mais em 2009, diz especialista
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
A valorização da moeda
norte-americana ante o real
deve desencorajar as importações nos próximos meses,
porém a balança comercial
brasileira não se beneficiará
disso. Como se espera que as
exportações também recuem, devido à crise econômica internacional, o saldo
em 2009 vai ficar abaixo do
registrado no ano passado,
pelos cálculos dos economistas.
As importações apresentaram uma grande redução nas
últimas semanas, em grande
parte por causa do câmbio
desfavorável. O dólar alto se
somará à falta de crédito para os empresários e ao desaquecimento do consumo doméstico para empurrar para
baixo as compras de produtos estrangeiros nos próximos meses. "Não dá para falar em números, temos apenas hipóteses, por ora. A crise está em formação. Está tudo mudando tão rápido que
daqui a pouco tempo esse cenário projetado pode ficar
bem diferente", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de
Comércio Exterior do Brasil).
O fortalecimento da moeda americana demora um
pouco a ser sentido nas importações porque não afeta
os contratos comerciais já fechados no momento em que
começa a escalada. Somente
nas novas compras, dali a alguns meses, tem efeito. Os
fabricantes brasileiros que
adquirem insumos de outros
países não acreditavam que a
valorização registrada a partir de agosto durasse, por isso
foram diminuindo paulatinamente as importações, já
que possuíam estoques. Entretanto, existem poucos sinais de que a divisa vá recuar,
então tais compras devem
ser restringidas ao mínimo.
Na opinião de especialistas,
os empresários se verão forçados a ficar com matéria-prima nacional mesmo.
Do lado das exportações, a
demanda cadente pelas commodities agrícolas e metálicas não significará apenas
menor volume de vendas pelo Brasil, mas, ainda, uma receita inferior, pois os preços
estarão em baixa. Esse problema pode atrapalhar até a
oferta interna de produtos
agropecuários, cuja cotação é
definida em padrões internacionais. Caso os valores se
mostrem muito ruins, os lavradores ficarão desestimulados.
Outro ponto que merece
atenção é a compra de bens
pela Argentina, pela Venezuela e pelo Chile. "Eles são
bons clientes para os nossos
manufaturados. Tudo indica
que esses países deverão ter
uma desaceleração mais forte", afirma Francisco Pessoa,
economista da LCA Consultores, a qual prevê um superávit perto de US$ 9 bilhões
para este ano. Era nos vizinhos latinos que alguns setores industriais estavam apostando quando a recessão bateu às portas dos países ricos.
Mais importante do que a
diminuição do superávit comercial, aponta Castro, é o
decréscimo da corrente de
comércio, soma do montante
de importações e exportações. "É a atividade, nesse
sentido mais amplo, que gera
emprego, não o saldo positivo", afirma.
Uso das reservas
Para Pessoa, a conta de
transações comerciais brasileira chegará a apresentar
meses de déficit e em alguns
momentos o governo será
obrigado a utilizar moeda
das reservas internacionais
para cobrir o balanço de pagamentos -que, além das
importações e exportações,
considera transferências entre empresas e aplicações diretas no país, entre outras
transações. "Não deve ter
impacto relevante sobre o
câmbio porque o BC fornecerá os dólares necessários",
diz.
Conforme o correr do ano,
afirma, deve diminuir a aversão ao risco e os investidores
estrangeiros voltarão aos
poucos a colocar novamente
seus recursos no Brasil, levando a moeda americana
para perto de R$ 2,10.
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