São Paulo, sábado, 03 de janeiro de 2009

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IPI menor impulsiona venda de veículos

Emplacamentos sobem 9,4% em dezembro ante novembro, que havia sido o pior mês de 2008; no ano, alta é de 14,5%

Em dezembro, vendas caem 19,7% sobre o mesmo mês de 2007, menos que os 25% de novembro ante o mesmo período do ano anterior

Sebastião Moreira - 11.dez.08/Efe
Carros em pátio de montadora em SP; setor foi um dos mais atingidos pela escassez de crédito

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de carros e picapes impulsionou as vendas de veículos em dezembro, totalizando 194.520 licenciamentos de automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões, de acordo com dados obtidos pela Folha.
O número é 9,4% maior do que o de emplacamentos em novembro, o pior mês em vendas de 2008, no qual milhares de trabalhadores entraram em férias coletivas nas montadoras. No mesmo comparativo em 2007, os licenciamentos haviam crescido apenas 2,2%.
Já no confronto com igual mês do ano anterior, dezembro teve queda de 19,7% -ainda assim menor que a redução contabilizada em novembro (25%).
No ano, os 2,82 milhões de veículos emplacados representaram acréscimo de 14,5% sobre 2007, batendo recorde histórico, já que esse havia sido o melhor ano da indústria automobilística até então. A Fiat liderou as vendas, seguida de perto pela Volks e pela GM.
Para o consultor especializado no setor automotivo David Wong, da Kaiser Associates, a recuperação das vendas no final do ano se deve mais à redução do imposto, anunciada pelo governo federal no último dia 11 e com validade até 31 de março, do que ao aumento de oferta de crédito nesse mercado.
Em novembro, o Banco do Brasil e a Nossa Caixa abriram, juntos, linhas de R$ 8 bilhões para os bancos das montadoras, mas o dinheiro ainda encontra restrições para chegar ao consumidor, na opinião do analista. "O crédito está disponível, mas não está sendo concedido porque o risco [de inadimplência] está elevado."
A perda de valor do carro usado, ressalta Wong, é outro entrave. Com a redução do IPI, esse veículo também ficou mais barato e, por isso, a entrada para adquirir um automóvel zero km tem de ser maior.
Ana Maria Junqueira, gerente da Itavema Itália, concessionária Fiat na capital paulista, afirma que muitos clientes que planejavam comprar, mas ainda estavam na dúvida se levavam um carro novo, resolveram fechar negócio logo após a redução do imposto.
Em dezembro, ela contabiliza que metade das vendas foi paga à vista, contra a média de 30% antes do agravamento da crise internacional. Enquanto até setembro havia clientes que esperavam 90 dias pelo modelo escolhido, agora o tempo de pesquisa antes de efetuar a compra é muito maior.
"Quando trazem o carro para a revisão, eles aproveitam para sondar o preço dos novos e ver quanto está valendo o usado."
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings, lembra que a variável mais importante para o consumo de veículos e imóveis, por serem dívidas de longo prazo, é a confiança do consumidor, que deve seguir abalada nos primeiros meses deste ano por causa da incerteza na economia mundial.
Neste mês e em fevereiro, o analista prevê dificuldades nas vendas, já que tradicionalmente são meses com orçamento apertado devido aos gastos pelas festas de final de ano, às férias de verão, à compra de material escolar, ao pagamento de IPTU e IPVA e à economia para garantir a viagem no Carnaval.


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