São Paulo, sábado, 03 de janeiro de 2009

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Ritmo industrial dos EUA é o pior desde 80

Contração da atividade em dezembro é a quinta consecutiva e afeta praticamente todos os setores, aponta pesquisa

Economista da Universidade Harvard afirma que a economia americana deve chegar ao final deste ano em situação pior que a atual

DA REDAÇÃO

A atividade da indústria manufatureira americana atingiu no mês passado o seu menor nível desde a recessão de 1980, com nenhum setor apresentando expansão e quedas que não ficaram restritas apenas à produção, mas se espalharam pelos preços e pelo emprego.
Em dezembro, a atividade industrial da principal economia mundial apresentou retração pelo quinto mês consecutivo e chegou aos 32,4 pontos (no mês anterior, o índice apontava 36,2 pontos), de acordo com pesquisa com gerentes de compra realizada pelo ISM (Institute for Supply Management). Uma pontuação inferior a 50 indica que a atividade da indústria americana está se contraindo.
O relatório mostra que a crise econômica atingiu todos os segmentos da indústria dos Estados Unidos: nenhum dos 18 setores pesquisados está se expandindo. Apenas vestuário e produtos derivados de petróleo e carvão estão estáveis, enquanto os demais (como bebidas e alimentos e produtos eletrônicos) estão em retração.
Caso o resultado de dezembro da atividade industrial (32,4 pontos) fosse anualizado, ele representaria um impacto negativo de 2,7 pontos percentuais no PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano, segundo o instituto. No terceiro trimestre do ano passado, o PIB dos EUA teve retração de 0,5%, o pior resultado desde o mesmo período de 2001.
"A atividade industrial continuou a cair em um ritmo rápido durante o mês de dezembro. O declínio cobre todo o alcance das indústrias manufatureiras, já que nenhuma delas divulgou crescimento", afirmou, em nota, Norbert Ore, do ISM.
Alguns dos componentes da pesquisa da atividade industrial, que começou a ser feita em 1931, mostraram resultados ainda piores. Os novos pedidos à indústria se contraíram pelo 13º mês seguido e chegaram ao menor nível desde 1948. E o índice de preços (que aponta quantas empresas estão dispostas a pagar mais pelo produto que no mês anterior) teve o pior resultado em 60 anos.
"As indústrias estão reduzindo seus estoques e paralisando sua capacidade para compensar o menor ritmo da atividade", disse Ore no comunicado.
O resultado da pesquisa é mais um retrato dos problemas da economia norte-americana, que se espalham por praticamente todos os segmentos, com aumento do desemprego e queda nos gastos dos consumidores (o seu principal motor).
No início da semana, foi divulgado que a confiança do consumidor dos Estados Unidos chegou no mês passado ao seu menor nível desde pelo menos 1967, quando começou a ser realizada a pesquisa do instituto Conference Board.
Esses dois indicadores sinalizam que a atual recessão da economia americana, iniciada em dezembro de 2007, caminha para ser a pior desde a Grande Depressão, quando durou 43 meses entre 1929 e 1933. Desde então, os ciclos recessivos mais longos se estenderam por 16 meses: de 1973 a 1975 e de 1981 a 1982. As últimas duas recessões dos Estados Unidos (1990-91 e 2000-2001) duraram oito meses.
O economista Martin Feldstein, da Universidade Harvard, afirmou que a economia americana deve chegar ao final deste ano em pior situação que a atual e que será necessária uma ação agressiva do governo para tentar minimizar o impacto. "Eu acho que teremos sorte se, nesta mesma época do ano que vem, a economia já tiver chegado ao fundo do poço e começado a se recuperar", disse em entrevista à rede de TV CNBC.


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