São Paulo, sábado, 03 de janeiro de 2009

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Após Natal fraco, falências ameaçam lojistas americanos

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Depois de queda de até 8% nos resultados do período de Natal de 2008 em comparação com 2007, lojistas dos Estados Unidos se preparam para um longo período de vacas magras, com mais falências e enxugamentos neste ano. Estimativas locais contabilizam que entre 10% e 26% de todos os varejistas do país estão atualmente sob sério risco de pedir concordata, e mais de 70 mil lojas poderão ser fechadas já no primeiro semestre deste ano.
A maioria das empresas estava esperando o final da temporada de compras de final de ano para avaliar suas opções -o bimestre novembro/dezembro costuma acumular entre 30% e 50% dos lucros anuais. Com a queda nas vendas, "o varejo vai sofrer uma sacudida forte, e vai acontecer muito em breve", afirma Frank Badillon, economista da consultoria TNS Retail Foward. "Vamos ver fechamento de lojas, fusões, aquisições e falências."
Os consumidores norte-americanos cortaram seus gastos em pelo menos 20% nas áreas de confecções femininas, produtos eletrônicos e joias durante novembro e dezembro, segundo dados do centro de pesquisas SpendingPulse. Para Nancy Koehn, especialista em negócios da Universidade Harvard, a transformação no setor "está acontecendo muito, muito rápido, devido à crise financeira e à recessão".
Segundo um modelo estatístico do Conselho Internacional de Shopping Centers, 2008 acumulou o fechamento de cerca de 148 mil lojas -o pior resultado desde 2001. Desses, 6.600 foram anunciados apenas por grandes cadeias varejistas. Até o terceiro trimestre do ano passado, o campeão de fechamentos era o setor de vestuário, com 26,4% do total.
O conselho avalia que outras 73 mil lojas fecharão nos próximos seis meses. Boa parte dos fracassos será devido a falências: a consultoria AlixPartners LLP estima que 25,8% dos 182 grandes varejistas que acompanha estão sob risco de pedir concordata neste ano ou em 2010. Em anos anteriores, esse índice ficou entre 4% e 7%.
Com ou sem concordata, o cenário invernal já está mudando a forma como as empresas são gerenciadas. O movimento é em direção à manutenção de estoques menores, cortes no número de fornecedores e diminuição do prazo entre o pedido ao fabricante e a entrega de produtos, especialmente em produtos de luxo.
No frágil setor de vestuário, a primeira vítima de 2009 poderá ser a cadeia Goody"s Family Clothing, que tem 287 lojas. A Goody's está tentando emergir após reorganização sob falência operada em outubro. Com vendas de Natal abaixo do esperado e sem linhas de financiamento, a empresa barganha com credores para evitar a liquidação total, segundo pessoas próximas às negociações.
Analistas e empresários de moda também preveem o fim de várias manufaturas, marcas pequenas e grifes que não têm financiamento adequado em 2009, afetadas pelos cortes em estoque e nos fornecedores de grandes lojas de departamento no país. O segmento de luxo, que costuma ficar imune a crises, também foi afetado. As lojas de departamento Saks e Neiman Marcus, por exemplo, afirmam que vão diminuir a variedade de produtos oferecidos e cancelar pedidos de marcas que não vendem bem.
Um degrau abaixo, as cadeias Ann Taylor Stores Corp., Talbots Inc. e Charming Shoppers Inc. já anunciaram que fecharão lojas neste ano. Quem não vai fechar deverá adiar expansões para ter dinheiro em caixa, como a Liz Clairborne Inc.


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