São Paulo, sábado, 03 de fevereiro de 2007

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Serra pede a Mantega metrô e Ferroanel no PAC

Após troca de farpas pública, governador apresenta pedidos de SP a ministro

Mantega diz que pensa a economia de forma similar à de Serra e pede ajuda para desenhar e implementar a reforma tributária


MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após baterem boca em público na semana passada, o governador José Serra (PSDB-SP) e o ministro Guido Mantega (Fazenda) reuniram-se ontem em São Paulo para discutir o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Mantega "explicou" o plano ao governador, que pediu mudanças.
As reivindicações serão analisadas pela equipe econômica, segundo Mantega, que disse ainda ter pedido a ajuda de Serra para desenhar e implementar a reforma tributária.
"Quando nós apresentamos o PAC, não pudemos detalhar todos os investimentos que seriam feitos em cada Estado. Então agora cabe-nos essa missão de conversar com os governadores", disse Mantega.
Serra pediu a inclusão de dois projetos de investimentos no PAC: a linha 2 do metrô da capital paulista e o tramo Sul do Ferroanel. Tanto o ministro quanto Serra lembraram que havia recursos a obras de metrô de vários outros Estados.
No caso do Ferroanel, o PAC inclui só o tramo Norte do projeto, obra de 65 km. O trecho Sul, de 47 km, não foi incluído. Mantega disse não saber o motivo. "Queremos também o trecho norte", pediu Serra.
O governador também pleiteou isenção de PIS/Cofins para as empresas de saneamento de todo o país, algo que custaria, em renúncia fiscal, R$ 1,3 bilhão ao governo federal, segundo o próprio governador.
A isenção, disse Serra, corresponderia a "injetar [recursos] na veia" do setor de saneamento. Ela seria concedida às empresas de saneamento, que poderiam usar os recursos para aumentar os investimentos.
Serra pediu ainda a regionalização do porto de Santos. "Nossa proposta é de regionalizar o porto, inclusive com a participação da administração federal [...], com a coordenação do governo do Estado", disse.
O governo federal, por meio do PAC, já destinou R$ 1,2 bilhão para o Rodoanel, disse Mantega -R$ 300 milhões anuais até 2010. Neste caso, o governador queria apenas garantias de que a obra estaria livre de contingenciamento.
Na semana passada, Mantega havia trocado farpas com Serra pela imprensa, dizendo que o governador "ou não leu o plano ou então leu o plano errado". Serra havia dito um dia antes que considerava as medidas do plano "fracas" e "tímidas" e que, sozinhas, não deveriam trazer expansão econômica.
"Eu não usei a expressão fraco, eu disse que havia itens vagos. De fato, não havia especificação, coisa que agora foi apresentada", disse Serra, reiterando, pouco antes de encerrar entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, que o PAC "exige complemento da política macroeconômica".
Mantega disse ter muitas afinidades com Serra do ponto de vista do pensamento econômico. "Eu queria dizer que eu conheço o Serra há muitos anos. Temos um defeito comum, somos economistas, e acho que até compartilhamos o pensamento econômico em algumas áreas. Ambos somos desenvolvimentistas, ainda somos, novos desenvolvimentistas. Temos muitos pontos em comum que podemos discutir."


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