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MEMÓRIA
"Ele escolhe bem as palavras"
COSETTE ALVES
Especial para a Folha
Entrevistei Armínio Fraga
em Nova York em janeiro
de 98. A crise já chacoalhava
os mercados de todo o
mundo, mas o foco ainda
estava na Ásia.
Por conta do tempo que
trabalhou com George Soros, achei que ele podia
olhar a questão por vários
ângulos.
Quando o dia chegou, ele
me recebeu apressado em
seu escritório de onde administrava o Quantum, um
dos cinco fundos do megainvestidor.
Aparentando uma informalidade que eu não esperava encontrar em um homem como ele, me recebeu
em mangas de camisa. Estava prestes a viajar para a
Ásia e tratou de me alertar
que tinha apenas meia hora
para a conversa. Mas foi se
empolgando e a entrevista
acabou durando quase duas
horas e meia.
Ele me pareceu um homem entusiasmado, porém
prudente. Escolhe muito
bem as palavras para explicar o que está pensando. Pela rotina que me relatou,
Fraga tinha um ritmo de
trabalho intenso. Mas parecia satisfeito. Seus olhos
brilhavam.
Falamos sobre o Brasil.
Provoquei-o sobre uma
possível volta para assumir
um cargo público, e ele disse que ficaria honrado. Nas
entrelinhas foi possível notar que, apesar de estar fora
do Brasil, mantinha uma ligação forte com o país. Tive
a impressão de que ele gostaria realmente de voltar.
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