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Fundo de Soros naufragou em 98
MARCELO DIEGO
de Nova York
O novo presidente indicado para
o Banco Central, Armínio Fraga,
tinha sido contratado pelo maior
especulador do planeta, George
Soros, para administrar uma carteira de investimentos na América
Latina e nos países emergentes.
O fundo teve uma performance
desastrada no ano passado e acabou tendo que ser fundido a outras
carteiras de investimentos.
Fraga foi contratado em agosto
de 1993 para o cargo de diretor-gerente do Soros Fund Management,
no escritório de Nova York (EUA).
Ele era responsável pelo gerenciamento de fundos de alto risco e
de toda sorte de investimentos nos
países emergentes.
O grupo de Soros trabalha hoje
com cerca de US$ 21,5 bilhões, segundo a própria assessoria de imprensa do grupo.
Fraga foi trabalhar com o Quantum Emerging Growth Fund (Fundo Quantum de Crescimento
Emergente), lançado em 1992.
Seu salário não foi divulgado,
mas ele apareceu na lista dos cem
executivos mais bem pagos de Nova York ao final de 1997 (cinco outros brasileiros faziam parte do seleto grupo).
A lista só traz os nomes dos executivos que ganham mais de US$
700 mil por ano.
Apostando em investimentos diversificados, principalmente no
mercado asiático, Fraga conseguiu
dar lucro para o investidor George
Soros nos primeiros três anos. Ele
teria recebido um bônus de US$ 25
milhões como participação nos lucros realizados.
No último ano, o fundo começou
a ter problemas. Primeiro pela
grande exposição aos mercados
asiáticos e russo. Somente na Rússia, Soros perdeu US$ 2 bilhões.
Depois, por causa da crise de credibilidade que atingiu os "hedge
funds" (fundos agressivos), após o
colapso do Long-Term Capital
Management, um dos mais conceituados do mercado, no ano passado.
Em 1998, o valor de estoque do
Quantum Emerging Growth Fund
fechou em US$ 1,5 bilhão, uma
queda de 31% ao longo do ano.
Soros decidiu então juntar o fundo a outras carteiras de investimentos (como o Quantum Realty
Fund), diminuindo o poder de
Fraga dentro da organização.
Segundo um porta-voz do Soros
Fund, a decisão de extinguir a autonomia do fundo não foi baseada
em sua má performance, mas sim
como uma opção para consolidar
os investimentos oferecidos aos
clientes.
Fraga teria pedido demissão a
Soros no começo do mês. Até ontem, sua mensagem eletrônica (em
português e inglês) ainda atendia
na secretária eletrônica de seu escritório, localizado no 33º andar de
um edifício empresarial em Nova
York.
Entre seus colegas de trabalho,
ele tinha o apelido de "patriota",
porque sempre apoiava as medidas econômicas do governo federal e dizia que o país estava no caminho certo.
Apesar de trabalhar em Manhattan, Fraga morava em um subúrbio de Nova Jersey. Ele era membro da diretoria da Câmara de Comércio Brasil-EUA.
Fraga também era professor-adjunto de finanças internacionais
da Universidade de Columbia. Ele
substituía o titular Robert Johnson
na sala 501 IAB. Entre os livros escolhidos pelos professores para
orientar seus alunos estavam os do
economista Paul Krugman e
"World Economic Outlook", um
compêndio de estatísticas organizadas pelo FMI (Fundo Monetário
Internacional).
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