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Com perdas nos EUA, HSBC tem queda de 70% no lucro
Banco decide se desfazer de financeira no país, o que pode gerar 6.100 demissões
Maior banco europeu em valor de mercado também anuncia captação de recursos para se fortalecer, mas ações caem quase 20%
DENYSE GODOY
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES
O banco britânico HSBC, o
maior europeu em valor de
mercado, anunciou ontem que
seu lucro líquido caiu 70% no
ano passado ante o aferido em
2007, para US$ 5,73 bilhões,
devido às perdas sofridas nos
EUA com a crise.
Tais prejuízos levaram o banco a decidir se desfazer da financeira americana Household, especializada em crédito
ao consumidor, que opera
atualmente com as marcas
HFC e Beneficial e que havia sido adquirida em 2003.
Com o fechamento de cerca
de 800 lojas nos EUA -o que
pode levar até sete anos para se
completar-, aproximadamente 6.100 postos de trabalho serão eliminados naquele país. As
atividades do banco de varejo
não sofrerão alterações.
Outra medida que a instituição financeira está tomando é a
abertura de uma captação de
recursos por meio do lançamento de US$ 17,7 bilhões em
ações. O objetivo, de acordo
com os executivos do banco, é
fortalecer a instituição.
"A economia mundial está se
desacelerando e os mercados
financeiros continuam turbulentos, por isso devemos deixar
claro que a nossa estrutura de
capital é absolutamente inquestionável", disse Stephen
Green, presidente do HSBC.
Além de garantir condições
para que a instituição enfrente
os tempos de incerteza com
mais tranquilidade, a operação
ainda lhe dará liberdade para
analisar eventuais oportunidades de compra de negócios que
apareçam pelo caminho, completou.
Embora os especialistas destaquem que uma venda de volume tão alto de papéis no atual
momento passa uma mensagem de confiança, as ações do
HSBC caíram 19% ontem na
Bolsa de Londres, já que as novas ações serão oferecidas aos
atuais detentores com um desconto de 47,5% em relação ao
seu valor no fechamento da última sexta-feira.
O lucro antes de impostos do
HSBC recuou 11% na Ásia em
2008, para US$ 11,9 bilhões; 6%
na América Latina, para US$ 2
bilhões -com destaque negativo para o México, que teve baixa de 27%; e subiu 26% na Europa (foi a US$ 10,8 bilhões).
Retração
O prejuízo na América do
Norte foi de US$ 4,964 bilhões,
contra um lucro de US$ 91 milhões no ano anterior. Adicionalmente a essa perda, a retirada da Household do balanço do
HSBC teve um impacto de US$
10,56 bilhões nos resultados.
"Não fosse isso, o lucro antes
de impostos teria caído 18%.
Qual instituição pode apresentar um número como esse na
atual conjuntura?", perguntou
Green, referindo-se aos vários
bancos no mundo que têm até
precisado de ajuda governamental para ficarem de pé.
Em meio à polêmica causada
por Fred Goodwin, ex-presidente do banco RBS que vai receber uma aposentadoria de
650 mil libras (R$ 2,2 milhões)
anuais apesar de a instituição
ter sido resgatada pelo governo
no Reino Unido, Green e outros
três executivos da direção do
HSBC abriram mão de bônus.
Para Green, a América Latina, a Ásia e o Oriente Médio devem se desaquecer, mas ainda
mostrarão desempenho superior ao dos demais.
A jornalista DENYSE GODOY viajou
a Londres a convite do HSBC
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