São Paulo, terça-feira, 03 de março de 2009

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Com perdas nos EUA, HSBC tem queda de 70% no lucro

Banco decide se desfazer de financeira no país, o que pode gerar 6.100 demissões

Maior banco europeu em valor de mercado também anuncia captação de recursos para se fortalecer, mas ações caem quase 20%


DENYSE GODOY
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

O banco britânico HSBC, o maior europeu em valor de mercado, anunciou ontem que seu lucro líquido caiu 70% no ano passado ante o aferido em 2007, para US$ 5,73 bilhões, devido às perdas sofridas nos EUA com a crise.
Tais prejuízos levaram o banco a decidir se desfazer da financeira americana Household, especializada em crédito ao consumidor, que opera atualmente com as marcas HFC e Beneficial e que havia sido adquirida em 2003.
Com o fechamento de cerca de 800 lojas nos EUA -o que pode levar até sete anos para se completar-, aproximadamente 6.100 postos de trabalho serão eliminados naquele país. As atividades do banco de varejo não sofrerão alterações.
Outra medida que a instituição financeira está tomando é a abertura de uma captação de recursos por meio do lançamento de US$ 17,7 bilhões em ações. O objetivo, de acordo com os executivos do banco, é fortalecer a instituição.
"A economia mundial está se desacelerando e os mercados financeiros continuam turbulentos, por isso devemos deixar claro que a nossa estrutura de capital é absolutamente inquestionável", disse Stephen Green, presidente do HSBC.
Além de garantir condições para que a instituição enfrente os tempos de incerteza com mais tranquilidade, a operação ainda lhe dará liberdade para analisar eventuais oportunidades de compra de negócios que apareçam pelo caminho, completou.
Embora os especialistas destaquem que uma venda de volume tão alto de papéis no atual momento passa uma mensagem de confiança, as ações do HSBC caíram 19% ontem na Bolsa de Londres, já que as novas ações serão oferecidas aos atuais detentores com um desconto de 47,5% em relação ao seu valor no fechamento da última sexta-feira.
O lucro antes de impostos do HSBC recuou 11% na Ásia em 2008, para US$ 11,9 bilhões; 6% na América Latina, para US$ 2 bilhões -com destaque negativo para o México, que teve baixa de 27%; e subiu 26% na Europa (foi a US$ 10,8 bilhões).

Retração
O prejuízo na América do Norte foi de US$ 4,964 bilhões, contra um lucro de US$ 91 milhões no ano anterior. Adicionalmente a essa perda, a retirada da Household do balanço do HSBC teve um impacto de US$ 10,56 bilhões nos resultados.
"Não fosse isso, o lucro antes de impostos teria caído 18%. Qual instituição pode apresentar um número como esse na atual conjuntura?", perguntou Green, referindo-se aos vários bancos no mundo que têm até precisado de ajuda governamental para ficarem de pé.
Em meio à polêmica causada por Fred Goodwin, ex-presidente do banco RBS que vai receber uma aposentadoria de 650 mil libras (R$ 2,2 milhões) anuais apesar de a instituição ter sido resgatada pelo governo no Reino Unido, Green e outros três executivos da direção do HSBC abriram mão de bônus.
Para Green, a América Latina, a Ásia e o Oriente Médio devem se desaquecer, mas ainda mostrarão desempenho superior ao dos demais.


A jornalista DENYSE GODOY viajou a Londres a convite do HSBC


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