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Venda de carros em fevereiro supera 2008
Com redução de IPI e melhora no crédito, mercado comercializa mais unidades do que no mesmo mês do ano passado
Associação de distribuidores diz que queda no setor foi "apenas estancada'; no caso de caminhões, retração se acentuou, com recuo de 21%
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na esteira do IPI reduzido e
da melhora nas condições de
crédito, o mercado de carros
bateu em fevereiro o nível do
ano passado. No último mês,
foram vendidos 191.343 automóveis e comerciais leves, volume 0,15% superior ao de fevereiro de 2008. Na comparação
com os meses do ano anterior,
essa é a primeira alta desde setembro passado, após o agravamento da crise global.
Já em relação a janeiro, houve acréscimo de 0,85%, de acordo com dados da Fenabrave
(Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Como fevereiro teve 19
dias úteis, contra 21 em janeiro,
a diferença passa a 11%, quando
se comparam as médias diárias
de vendas nos dois meses.
O resultado, porém, não é
motivo de comemoração, segundo o presidente da Fenabrave, Sérgio Reze.
"O que vimos é que as ações
do governo, como a redução do
IPI e a injeção de liquidez no
mercado, aliadas aos descontos
oferecidos pelas montadoras e
concessionárias, estancaram a
queda do mercado. Mas não é o
caso de abrir champanhe", diz.
A preocupação maior é com o
comportamento das vendas
após o fim do prazo de vigência
do IPI reduzido, no dia 31 de
março. Na avaliação de Reze, o
reaquecimento no setor agora
ocorreu porque os consumidores anteciparam a compra, contando que depois do fim do benefício haverá um encarecimento dos carros. "Sem a isenção do IPI, os preços vão aumentar 7%. Então, apesar da alta, estamos com a pulga atrás
da orelha", afirma.
De acordo com ele, as concessionárias não têm condições
de trabalhar com margens mais
apertadas para segurar o repasse ao consumidor final.
Queda
Embora o mercado tenha
mostrado recuperação, ainda
acumula queda em relação ao
ano passado. No acumulado de
janeiro e fevereiro, as vendas de
carros tiveram retração de
3,88% em relação ao mesmo
período do ano passado -os setores de caminhões e motos
apresentaram os piores resultados, com queda de 20,64% e
18,93%, respectivamente, na
mesma comparação.
De acordo com a previsão do
consultor André Beer, ex-presidente da Anfavea (associação
das montadoras), o mercado de
carros deve se contrair 14% até
o fim deste ano.
"Março ainda deve ter um
bom resultado, na reta final do
IPI reduzido. Mas, depois, as
coisas vão ficar mais difíceis."
Para ele, não há relação entre
a melhora das vendas agora e a
garantia de emprego por parte
das montadoras, já que a produção deve cair ainda 15% neste ano em relação ao ano passado. "Cada montadora fará seu
ajuste. Sabemos que neste ano
o mercado não terá o tamanho
que teve no ano passado, ainda
que o governo mantenha a redução do IPI por mais tempo."
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