São Paulo, Quarta-feira, 03 de Março de 1999
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Pedidos de falência são recorde nos EUA

MARCELO DIEGO
de Nova York

Apesar do crescimento econômico constante nos últimos oito anos, o número de pedidos de falência nos EUA aumentou 2,7% no ano passado em relação a 1997. Foi a terceira vez consecutiva que o índice quebrou um recorde.
O atual, referente a 1998, é de 1,44 milhão de pedidos de falência. O crescimento maior (3,6%) aconteceu nos pedidos individuais.
De 1996 para 1997 o crescimento havia sido de 19%. Os dados foram divulgados pelo escritório administrativo do Departamento de Justiça dos EUA.
As principais causas foram a tomada excessiva de empréstimos, o mau gerenciamento de contas e a queda não-prevista de receitas. Esse foi o caso de exportadores (que viram os mercados asiáticos e latino-americanos se retraírem) e de produtores agrícolas (cuja safra foi menor que a esperada).
"O crescimento está relacionado diretamente com o aumento de débitos provocado pela facilidade de obtenção de dinheiro no mercado", disse Samuel Gerdano, diretor do Instituto Americano de Falência, com sede em Washington.
"A mesma base de consumo que ajuda a manter a economia nacional pode colocar todo o sistema em risco se acumular dívidas que não puder pagar depois", analisa.
O governo do país já está estudando mudanças na lei de falência para dificultar novos pedidos neste ano. "A lei de falência é muito complacente", afirmou Gerdano.
Segundo o capítulo sete das leis federais de bancarrota, o declarante de falência pode manter posse de parte de seus bens, mesmo que a venda do restante não abata o total da dívida.
O capítulo 13 permite que dívidas com a União sejam amortizadas por vários anos. E a maioria usa o capítulo 11, que permite a manutenção das operações financeiras dos indivíduos e empresas mesmo enquanto o devedor esteja negociando seu débito.
O governo quer forçar os credores a cumprir com rapidez o pagamento de suas dívidas. Na outra ponta, pode oferecer uma nova linha de crédito a juros menores para evitar o endividamento excessivo de certos setores.


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