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MERCADO TENSO
Lawrence Summers sugere mais austeridade
"Déficit menor repõe confiança no Brasil"
ISABEL VERSIANI
enviada especial a Washington
O subsecretário do Departamento do Tesouro norte-americano,
Lawrence Summers, disse ontem
que países como o Brasil e a Rússia
têm a responsabilidade de adotar
políticas e reformas eficientes, por
causa do risco de contágio que
suas economias representam para
outros países.
Summers afirmou que, para voltar a inspirar confiança, o Brasil
deverá prosseguir com os esforços
necessários para reduzir o déficit
fiscal. Ele também disse considerar
"vital" o estabelecimento de um
novo regime monetário "crível e
transparente" no país.
"O presidente (Fernando Henrique) Cardoso permanece comprometido com esses objetivos. Mas
dados os recentes acontecimentos,
pode levar tempo e perseverança
para convencer os investidores de
que o Brasil superou a crise."
Segundo Summers, enquanto a
confiança dos investidores nos
países em desenvolvimento estiver
fraca, as perspectivas de uma recuperação rápida para essas economias são igualmente fracas.
"É a ironia das crises financeiras:
enquanto elas geralmente são provocadas pelo excesso de crédito,
elas são prolongadas pela falta dos
mesmos", disse.
Summers discursou ontem na
conferência anual da Nabe (sigla
em inglês para Associação Nacional para Economia de Negócios),
entidade norte-americana que
reúne economistas dos setores público, privado e acadêmico.
Em sua palestra, o subsecretário
do Tesouro afirmou que os problemas brasileiros têm representado
riscos para as demais economias
da América Latina. Para ele, nos
próximos meses a Argentina e o
México terão de fortalecer suas defesas contra os riscos de contágio.
"Mas o mais importante serão as
ações implementadas pelo Brasil",
disse Summers. Para ele, o governo dos EUA está aguardando, com
expectativa, a descrição das políticas fiscal e monetária que o governo brasileiro pretende adotar.
Pesquisa feita com 248 membros
da Nabe mostrou que 53% dos
economistas da associação acreditam que o real vai sofrer uma desvalorização significativa, o que desencadearia uma "recessão severa"
no país, a exemplo do que ocorreu
na Coréia do Sul no final de 97.
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