São Paulo, Quarta-feira, 03 de Março de 1999
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MERCADO TENSO
Lawrence Summers sugere mais austeridade
"Déficit menor repõe confiança no Brasil"

ISABEL VERSIANI
enviada especial a Washington

O subsecretário do Departamento do Tesouro norte-americano, Lawrence Summers, disse ontem que países como o Brasil e a Rússia têm a responsabilidade de adotar políticas e reformas eficientes, por causa do risco de contágio que suas economias representam para outros países.
Summers afirmou que, para voltar a inspirar confiança, o Brasil deverá prosseguir com os esforços necessários para reduzir o déficit fiscal. Ele também disse considerar "vital" o estabelecimento de um novo regime monetário "crível e transparente" no país.
"O presidente (Fernando Henrique) Cardoso permanece comprometido com esses objetivos. Mas dados os recentes acontecimentos, pode levar tempo e perseverança para convencer os investidores de que o Brasil superou a crise."
Segundo Summers, enquanto a confiança dos investidores nos países em desenvolvimento estiver fraca, as perspectivas de uma recuperação rápida para essas economias são igualmente fracas.
"É a ironia das crises financeiras: enquanto elas geralmente são provocadas pelo excesso de crédito, elas são prolongadas pela falta dos mesmos", disse.
Summers discursou ontem na conferência anual da Nabe (sigla em inglês para Associação Nacional para Economia de Negócios), entidade norte-americana que reúne economistas dos setores público, privado e acadêmico.
Em sua palestra, o subsecretário do Tesouro afirmou que os problemas brasileiros têm representado riscos para as demais economias da América Latina. Para ele, nos próximos meses a Argentina e o México terão de fortalecer suas defesas contra os riscos de contágio.
"Mas o mais importante serão as ações implementadas pelo Brasil", disse Summers. Para ele, o governo dos EUA está aguardando, com expectativa, a descrição das políticas fiscal e monetária que o governo brasileiro pretende adotar.
Pesquisa feita com 248 membros da Nabe mostrou que 53% dos economistas da associação acreditam que o real vai sofrer uma desvalorização significativa, o que desencadearia uma "recessão severa" no país, a exemplo do que ocorreu na Coréia do Sul no final de 97.


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