São Paulo, sábado, 03 de abril de 2004

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COMÉRCIO MUNDIAL

Funcionário do governo norte-americano rebate declaração de argentino de que bloco não sai no ano que vem

EUA reafirmam plano de Alca em 2005

RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

Um dia depois de o chanceler argentino afirmar que é certo "que não haverá Alca no antigo prazo de 2005", o Departamento de Estado dos EUA reafirmou a intenção do governo norte-americano de fechar o Acordo de Livre Comércio para as Américas até janeiro do ano que vem.
Segundo um funcionário do departamento, que preferiu não ser identificado, os Estados Unidos mantêm o objetivo de ver a zona de comércio funcionando dentro do prazo previsto.
Rafael Bielsa, ministro de Relações Exteriores da Argentina, que participava de encontro com representantes da sociedade civil que se opõem à Alca, em Buenos Aires, se referiu anteontem à série de entraves, especialmente desentendimentos entre o Mercosul e os Estados Unidos, que dificultam a conclusão das negociações da Área de Livre Comércio das Américas até janeiro de 2005.
Os desentendimentos se refletem em sucessivos adiamentos e cancelamentos de encontros do grupo técnico de negociação do bloco.

Entrave
A maior dificuldade está na resolução da questão agrícola. Para o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), interessa que os subsídios para o setor sejam discutidos nos âmbitos da Alca -é no agronegócio que repousam as maiores possibilidades de Brasil e Argentina, principais parceiros do bloco sul-americano, lucrarem com o acordo, ao aumentar suas exportações.
Os EUA só pretendem negociar concessões agrícolas em âmbito global e reforçaram ontem essa determinação.
"Acreditamos que a questão agrícola vá ser mais bem resolvida na OMC [Organização Mundial do Comércio]", afirmou o funcionário do Departamento de Estado dos EUA.

Espera
E o funcionário do governo americano acrescentou que o país não está disposto a esperar a resolução desse entrave na OMC para só depois discutir a Alca, numa declaração que ao mesmo tempo insinua que a responsabilidade pelo travamento das negociações recai sobre o Mercosul:
"Não há razão para os povos das Américas esperarem a resolução das questões agrícolas na OMC para termos a Alca", afirmou.
Questionado se os Estados Unidos trabalham com a possibilidade de fechar o acordo com outros países excluindo o Mercosul, o representante do governo americano afirmou que não responderia a perguntas especulativas.


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