São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

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COLAPSO DA ARGENTINA

Congresso adia votação de leis pedida pelo FMI e mercado reage com alta de 4,6% na moeda dos EUA

Impasse político eleva dólar a 3,19 pesos

Associated Press
Placar no centro de Buenos Aires indica a cotação do dólar


FABRICIO VIEIRA
DE BUENOS AIRES

O debate e aprovação das modificações nas leis de "Falências" e "Subversão Econômica" pelo Congresso argentino foram postergados pelo menos por uma semana. O governo, que esperava que os debates fossem iniciados ontem, necessita que os legisladores tratem o assunto o mais rápido possível para poder cumprir uma das exigências do Fundo Monetário Internacional.
O mercado reagiu de forma bastante negativa à decisão. Após cair 7% na segunda e na terça, o dólar fechou com a expressiva alta de 4,6%. No fim dos negócios, o dólar encerrou vendido a 3,19 pesos. O Banco Central teria vendido cerca de US$ 20 milhões para tentar conter a escalada da moeda dos EUA.
No início da noite, os doleiros pediam nas ruas do centro financeiro de Buenos Aires 3,25 pesos para vender US$ 1. As filas não foram muito grandes nos bancos e nas casas de câmbio, mas a maioria das pessoas e empresas compraram dólares, diferentemente dos primeiros dias da semana. O dólar vendido pelo BC, por meio de casas de câmbio e bancos cadastrados, fechou a 3,15 pesos.

Reunião
O ministro da Economia, Roberto Lavagna, convocou as lideranças dos blocos políticos na Câmara e no Senado para uma reunião no início da noite de ontem para discutir a necessidade de aprovar as mudanças pedidas pelo Fundo nas leis o mais rápido possível.
A cada dia, o esperado fechamento de um acordo de ajuda financeira com o Fundo parece estar mais distante. A eliminação do CER (o índice de ajuste de dívidas) e o projeto que prevê a devolução dos depósitos a prazo fixo bloqueados com títulos públicos e privados também seriam discutidas na reunião.
O projeto com as modificações nas leis enviado pelo governo ao Congresso não conta com o apoio de todos os deputados e senadores. No caso da "Lei de Falências", o temor é de que empresas nacionais sejam prejudicadas e não sobrevivam após as modificações, que prevêem a eliminação da proibição de decretar falências por 180 dias.
Para o deputado peronista -do mesmo partido do presidente Eduardo Duhalde- Jorge Yoma é necessário que estejam definidos o problema do curralzinho e do CER antes de se aprovarem as leis que o governo quer.
A renúncia do ex-ministro da Economia Jorge Remes Lenicov na semana passada trouxe de volta a discussão da implementação de um câmbio fixo no país para acabar com a escalada da moeda dos EUA, que tem alimentado a inflação. Lavagna descartou, ao menos em um primeiro momento, o pedido de Duhalde para enterrar o câmbio livre no país. Analistas do mercado dizem acreditar que o dólar seguirá em alta se o governo não conseguir fazer as discussões com o Fundo avançarem mais rapidamente.

Definições de cargos
Alfredo Atanassof foi o escolhido pelo presidente Duhalde para assumir, a partir de hoje, o posto de chefe de Gabinete no lugar de Jorge Capitanich.
A deputada peronista Graciela Camaño vai para o lugar de Atanassof no Ministério do Trabalho. A escolha de Camaño foi encarada por analistas como uma forma de Duhalde tentar se aproximar dos sindicalistas. O marido da deputada, Luis Barrionuevo, é ligado ao sindicalismo. O deputado Jorge Matzkin deve assumir como o novo Ministro do Interior.



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