São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

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BANCOS

Juros menores e câmbio valorizado seguram aumento

Lucro do Bradesco no 1º trimestre cresce 1,15% e atinge R$ 425 mi

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco teve lucro líquido de R$ 425 milhões no primeiro trimestre deste ano, resultado 1,15% superior ao alcançado no mesmo período em 2001. A combinação entre atividade econômica mais fraca, redução dos juros e valorização do câmbio explicam o pequeno crescimento do lucro da instituição, que fechou 2001 com ganho recorde R$ 2,17 bilhões.
Segundo analistas do setor financeiro, apesar do modesto aumento em relação ao primeiro trimestre de 2001, o resultado divulgado ontem não decepcionou.
"O resultado pode parecer pequeno se comparado ao de 2001, mas é preciso levar em conta que, em 2001, os bancos haviam lucrado muito com a alta dos juros e a desvalorização do real, tendências que foram revertidas neste início do ano", disse Erivelto Rodrigues, sócio da Austin Asis.
A valorização do real teve impacto direto sobre a receita de crédito do banco, que recuou 18,5% em relação a igual período em 2001, e sobre os ganhos com operações de câmbio, que encolheram 34,9%.
Segundo Luiz Trabucco, vice-presidente do Bradesco, juros em queda e economia em marcha lenta também impediram que o resultado do Bradesco fosse melhor. "O desempenho do banco foi coerente com o modesto desempenho da atividade econômica no mesmo período", disse Trabucco. "As taxas de juros que caíram um pouco no primeiro trimestre também influenciaram o resultado do banco."
A receita do banco com compra e venda de títulos da dívida pública se expandiu apenas 2,3%, refletindo a queda dos juros, que caíram de 19% para 18,5% neste ano.
Outro indicador de que o Bradesco tem sido afetado pela lenta recuperação da economia brasileira está na estagnação da carteira de crédito da instituição. Em relação ao último trimestre do ano passado, o volume total de empréstimos concedido pelo banco aumentou apenas 0,3%.
"A demanda por crédito diminuiu neste início de ano", afirmou Trabucco.
O receio do Bradesco com o crescimento da inadimplência também contribuiu para diminuir o resultado do banco. As provisões excedentes -que ultrapassam o exigido pelo Banco Central- feitas no último trimestre somaram R$ 243 milhões, valor 148% maior do que o registrado no mesmo período de 2001.



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