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ENERGIA
Porcentagem da mistura do produto na gasolina vai subir em junho
Governo solta R$ 500 mi para estoque de álcool
EVANDRO SPINELLI
DA FOLHA RIBEIRÃO
O presidente da República, Luiz
Inácio Lula da Silva, anunciou ontem a liberação de R$ 500 milhões
para o financiamento da estocagem do álcool combustível.
Ele reafirmou que a partir de 1º
de junho será restabelecida a proporção de 25% da mistura de álcool na gasolina -pela diferença
de preços dos produtos, tende a
ficar mais barato encher o tanque
de gasolina.
O objetivo da nova linha de crédito anunciada ontem, segundo o
governo, é apoiar as indústrias
para que não falte álcool no período da entressafra. Neste ano, foi
feito um pacote de ações para evitar o desabastecimento -entre
elas, diminuir o percentual de álcool na gasolina para 20%.
Os usineiros vão receber o crédito com uma taxa de juros anual
de 11,5% (a taxa de mercado é
26,5% ao ano) e terão de pagar o
empréstimo em quatro parcelas,
com vencimentos entre janeiro e
abril de 2004.
"Era isso que nós queríamos",
disse Maurílio Biagi Filho, conselheiro da Cia. Energética Santa
Elisa, de Sertãozinho.
As medidas foram anunciadas
por Lula em uma reunião fechada
com representantes dos setores
sucroalcooleiro, da cafeicultura,
da produção de grãos e da indústria de máquinas, no final da tarde, no recinto da Agrishow (Feira
Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), que termina hoje,
em Ribeirão Preto.
Pela manhã, Lula havia dito que
o Brasil pode dobrar sua produção de álcool combustível. Ele
afirmou que o seu governo vai recuperar o Proálcool (Programa
Nacional do Álcool).
As declarações foram dadas durante discurso na Cia. Energética
Santa Elisa, em Sertãozinho, onde
inaugurou uma usina geradora de
energia elétrica a partir do bagaço
da cana.
"Os países ricos, mais cedo ou
mais tarde, vão ter que incluir o
álcool como matriz energética, e
precisamos estar preparados porque, numa dessas, pegamos uma
enorme fatia de mercado. Podemos, dentro de pouco tempo, estar produzindo o dobro do álcool
que produzimos hoje", afirmou.
O Próalcool foi criado na década de 70, durante uma crise de
abastecimento de petróleo, para
estimular a produção de álcool
combustível e a venda de carros a
álcool. No final da década, mais
de 90% dos carros vendidos no
país eram movidos a álcool.
No início deste ano, o presidente se reuniu com produtores de
cana e usineiros para pressionar o
setor contra a possível falta de
abastecimento do produto. Na
ocasião, os usineiros se comprometeram a antecipar a safra em
um mês -de maio para abril- e
produzir, no período, 600 milhões de litros de álcool para garantir o abastecimento.
A promessa, no entanto, não foi
totalmente cumprida. O volume
de álcool produzido em abril foi
de cerca de 565 milhões de litros,
de acordo com o presidente da
Unica (União da Agroindústria
Canavieira de São Paulo), Eduardo Pereira de Carvalho.
Já o aguardado anúncio de medidas de apoio à cafeicultura não
foi feito ontem. O presidente disse
aos produtores de café que ainda
faltam detalhes a serem definidos
-o principal é o preço da saca
que será garantido pelo governo.
Os produtores pediram R$ 220 e o
governo quer chegar a R$ 205.
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