São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2004

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BAIXO RETORNO

Aplicação se beneficia de cortes da taxa básica de juros, cujo potencial de queda até o fim do ano é reduzido

Renda fixa deve proporcionar lucro menor

DA REPORTAGEM LOCAL

Disposição para correr algum risco e crença em novos cortes dos juros básicos até o fim do ano são precondições para o investidor que pensa em aplicar recursos em fundos de renda fixa agora. Essa é a opinião de analistas e administradores de recursos.
As aplicações prefixadas são aquelas em que, de forma geral, o investidor se beneficia quando os juros estão em queda e têm prejuízo quando a taxa básica entra em trajetória de alta.
A lógica é simples: quando os juros caem, o rendimento predeterminado dos fundos de renda fixa se torna maior que a remuneração das aplicações pós-fixadas que acompanham a Selic e, portanto, passam a render menos.
Nos últimos meses, a prática corroborou essa lógica. Com os juros em trajetória de queda, os fundos de renda fixa passaram a render mais do que os chamados fundos DI, que são pós-fixados.
Entre junho do ano passado, quando a Selic começou a cair, até o último dia 15 de abril, os fundos de renda fixa tiveram rentabilidade de 17,39% e os fundos DI apresentaram retorno de 17,07%.
Mesmo com a interrupção nos cortes feita pelo Banco Central entre janeiro e fevereiro deste ano, seguida de duas reduções de 0,25 ponto percentual da Selic, os fundos de renda fixa tiveram retorno de 4,19% em 2004 até o último dia 15 de abril. No período, a rentabilidade dos fundos DI foi de 4,08%. Os dados são do site Fortuna.

Tendência
O mercado espera que os juros caiam ainda mais em 2004. A média dos analistas estima que a taxa Selic recuará dos atuais 16% ao ano para 14% ao ano até dezembro. Isso quer dizer que as chances de altos ganhos com os fundos de renda fixa ainda são grandes?
Não exatamente, dizem analistas. Na verdade, as possibilidades de ganhos com essas aplicações são bem menores do que foram nos últimos meses e os riscos, por outro lado, um pouco maiores.
"Como as taxas futuras estão muito próximas da Selic e o potencial de queda da mesma é bem menor, acho que as chances de ganhos nos prefixados são muito baixas", afirma Fabio Colombo, administrador de investimentos.
A maior parte dos analistas, no entanto, acredita que a Selic ainda tem espaço para cair antes de uma alta dos juros norte-americanos (hoje em 1% ao ano).

Renda fixa, de fato
Mas, diz o analista, é fundamental que o investidor procure conhecer a carteira do fundo de renda fixa prefixado em que está investindo.
O que ocorre no mercado, segundo especialistas, é que vários fundos de renda fixa têm, em suas carteiras, títulos pós-fixados, como LFTs (Letras Financeiras do Tesouro). Isso faz com que o desempenho dos mesmos fique mais próximo da oscilação da Selic do que dos juros futuros.
Com isso, fundos que, de fato, possuem carteiras prefixadas tendem a ter desempenho melhor. É o caso do Citi renda fixa ativo master, fundo da categoria de prefixados que aceita aplicações entre R$ 5 mil e R$ 20 mil que teve uma das melhores rentabilidades acumuladas nos últimos 15 meses. Segundo Roberto Apelfeld, diretor de investimentos do Citigroup Asset Management, a carteira é 100% prefixada, possui papéis como LTNs (Letras do Tesouro Nacional) ou utiliza instrumentos derivativos.
Para o gestor, os fundos de renda fixa continuam sendo uma boa opção neste ano, mas com potencial de ganhos bem menores.
(ÉRICA FRAGA)


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