|
Próximo Texto | Índice
Fiesp vê influência de Chávez na Bolívia
O presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, atuou como
uma espécie de avalista para
o presidente da Bolívia, Evo
Morales, ter tomado a decisão de
nacionalizar a exploração do gás
e do petróleo no país.
Na Bolívia, era dado como certo que a decisão fosse anunciada
no dia 18 de junho, mas foi antecipada para anteontem, dia 1º de
maio, logo depois do encontro
no sábado, em Havana, de Morales com o ditador cubano Fidel
Castro e Hugo Chávez.
A influência de Chávez na decisão de Morales ficou clara ontem
durante encontro do senador boliviano Andreas Guzman com a
diretoria da Fiesp, em São Paulo.
A exposição de Guzman, que é
da oposição, não deixou dúvidas
de que o venezuelano foi fundamental para Morales ter antecipado a publicação do decreto de
nacionalização e expropriação
das áreas de gás e petróleo.
A Petrobras não fala publicamente, mas, nas reuniões internas, também admite a hipótese.
Chávez tem basicamente dois
interesses na Bolívia. O primeiro
é o de aumentar sua influência
geopolítica sobre os países da
América do Sul. O segundo é o de
ampliar o raio de atuação da
PDVSA no continente. No caso
de a Petrobras sair da Bolívia, a
PDVSA seria a substituta natural
para operar as refinarias.
Dessa forma, Chávez pode ter
garantido os recursos suficientes
para indenizar as companhias de
petróleo estrangeiras na Bolívia,
caso haja necessidade. O total de
investimentos da Petrobras no
país soma US$ 1,7 bilhão, cerca
de 20% do PIB boliviano. Só
mesmo um irmão rico, como
Chávez, poderia bancar uma decisão arriscada como essa.
Já Morales começava a enfrentar o drama de antecessores de
queda de popularidade e ameaça
de greves. Ele sentiu necessidade
de adotar uma medida forte para
recuperar a popularidade, até
porque estão previstas eleições
para a assembléia nacional constituinte na Bolívia neste ano.
GARGALO
Um dos setores mais dependentes do gás natural, a indústria do vidro se mostra preocupada com a ameaça na importação do produto
da Bolívia. "A curto prazo, não há outra alternativa que não o gás natural", diz Lucien Belmonte, superintendente da Abividro (associação do setor). Segundo ele, cerca de 95% do processo produtivo das
indústrias do setor utiliza gás natural, índice que era de 50% há três
anos. "O percentual subiu porque a Petrobras insistiu em que utilizássemos mais gás natural, disse que havia sobra". Os 50% restantes
provinham de óleo pesado, mas, para ele, a readaptação das fábricas a
esse combustível não ocorreria a curto prazo e seria custoso. Ele defende que a Petrobras "passe por cima de seu orgulho" e negocie com
o governo boliviano para garantir a continuidade no fornecimento.
FEBRE LATINA
A febre da telefonia móvel
na América Latina e, em especial, no Brasil, levou a região a
ultrapassar os EUA e o Canadá em número de usuários.
Dos cerca de 2,3 bilhões de
pessoas que utilizam celulares
no mundo, 11,4% encontram-se na América Latina, contra
10,2% de residentes nos dois
países da América do Norte,
segundo a 3G Americas, que
reúne operadoras, fornecedores e desenvolvedores da família GSM. Essa tecnologia,
aliás, é a mais disseminada no
planeta, com 81% do total de
usuários em abril passado.
NOS BASTIDORES
O Merrill Lynch foi quem assessorou o Itaú na compra do
BankBoston, anunciada ontem.
OTIMISMO
O megainvestidor americano
Mark Mobius, do Franklin Templeton, esteve ontem em SP e disse que continuará a investir no
Brasil. Ele afirmou ainda esperar
que as condições políticas continuem a ser positivas ao país.
CAFEZINHO PORTA À PORTA
A Melitta baterá à porta de 500 mil casas do Estado de São
Paulo. Essa é a idéia do projeto da empresa que pretende estimular o filtro de papel no lugar do de tecido ou de nylon. A partir deste mês, até setembro, promotores da Melitta usarão o
conceito de venda-direta para visitar os consumidores do interior do Estado, receber modelos antigos e entregar um kit com
um sachê de filtros e um porta-filtro da marca. A promoção,
além de incitar o consumo de produtos da empresa, pretende
ter um lado social: a cada 500 unidades doadas, um medidor de
glicemia ou de pressão arterial será doado a um posto de saúde
da cidade visitada. "Queremos mostrar uma maneira mais higiênica e prática de fazer café", afirma Fernanda Campos, executiva da Melita. A multinacional alemã, que tem 50% em participação do volume de vendas do produto no país, encerrou o
último ano com crescimento de 9% em relação a 2004.
MANTEGA E OS BANCOS
O ministro da Fazenda, Guido
Mantega, convocou os grandes
banqueiros do país para reunião
depois de amanhã na sede da Febraban (Federação Brasileira de
Bancos), em São Paulo, para discutir o "spread" bancário. Segundo um dos banqueiros convocados, Mantega quer saber
por que o "spread" não acompanha a queda da Selic. O ministro
quer estimular o crédito no país.
ANÁLISE
Comércio exterior tem 3 rumos
Os dados da balança comercial
de abril, divulgados ontem, já indicam os rumos que o comércio
exterior trilhará sob o domínio
da moeda valorizada, avalia o Iedi. Segundo a entidade, os indícios são de (1) forte aceleração de
crescimento das importações,
(2) a um ritmo maior que o de alta das exportações e (3) grande
predomínio de commodities, em
especial petróleo e derivados, na
alta das vendas ao exterior.
Entre os argumentos para embasar suas conclusões, o Iedi
"dessazonalizou" os dados e verificou, por exemplo, que, em
abril, as importações cresceram
8,5% ante março, com média
mensal de 3,5% no trimestre encerrado nesse mês; já as vendas
ao exterior tiveram expansão de
1% e 0,9% nas mesmas comparações, respectivamente.
Próximo Texto: Lula vê ato "soberano" e descarta falta de gás Índice
|