São Paulo, quarta-feira, 03 de maio de 2006

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Consumidor não precisa temer, avalia associação

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado), Romero Oliveira, diz que a estatização da produção de gás na Bolívia não é motivo para pânico entre os consumidores brasileiros. Apesar de metade do consumo nacional ser abastecido por aquele país, ele diz que a venda para o Brasil é imprescindível para a Bolívia.
Embora não vislumbre ameaça de desabastecimento, ele critica o governo por não ter posto em prática um plano estratégico para reduzir a dependência do fornecimento da Bolívia. Diz que a estatização da produção foi prometida por Evo Morales desde a campanha eleitoral e reafirmada depois de ele ter sido eleito.
""Não fomos surpreendidos. Essa pedra vinha sendo cantada havia muito tempo. A decisão, agora, deve acelerar uma ação do governo, porque a Petrobras vinha agindo isoladamente, como empresa", afirmou o presidente da Abegás, que representa as concessionárias de distribuição de gás, responsáveis pelo abastecimento a residências, comércio, indústrias e postos de combustíveis.
Entre as providências que deveriam ter sido tomadas, cita a aceleração da produção de gás da reserva de Mexilhão, no litoral de São Paulo, e a construção do Gasene, duto que integrará as malhas de distribuição do Nordeste e do Sudeste.
Segundo ele, estes dois temas vêm sendo encarados como projetos da Petrobras, quando deveriam ser tratados como prioridades do país e contar com engajamento do governo.
A reserva de Mexilhão, a maior já encontrada no país, foi estimada inicialmente em 400 bilhões de m3 de gás natural, mas o potencial provado é de cerca de 120 bilhões de m3. A antecipação do início das operações de 2010 para 2008 é considerado prioridade para garantir a oferta de gás no país.
A Petrobras escolheu Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo, para abrigar a unidade de processamento de gás a ser extraído do campo, localizada a 137 km da costa.
Para o presidente da Abegás, o gás natural se tornou uma importante opção de fonte de energia, mas não alcançou seu devido lugar no planejamento estratégico. Disse que o plano decenal do Ministério das Minas e Energia não explica de onde virá o gás para abastecer as usinas térmicas.

Carros
O consumo de gás natural por veículos mais do que dobrou nos últimos três anos. Segundo estatísticas do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes), o consumo passou de 984 milhões de m3 em 2002 para 1,59 bilhão em 2005.
O número de veículos adaptados passou de 449 mil (2002) para 1 milhão (2005). Já havia chegado a 1,11 milhão em março deste ano.
O Rio de Janeiro tem 446 mil carros movidos a gás natural; São Paulo, 276 mil; Minas Gerais, 61,4 mil; e Bahia, 45,8 mil.


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