São Paulo, quarta-feira, 03 de maio de 2006

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TENSÃO ENTRE VIZINHOS

Comgas, Gas Brasiliano e Gas Natural afirmam que acordo com a Petrobras estabelece preços fixos

Contrato impede reajuste, diz distribuidora

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Comgas, controlada pelos grupos BG e Shell, que distribui gás nas regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas, Vale do Paraíba e Baixada Santista, informa que "não há razão para acreditar que o fornecimento de gás boliviano para o Brasil será interrompido", após decisão do governo da Bolívia de nacionalizar a exploração de gás e de petróleo.
A Comgas, com 500 mil clientes (cerca de mil deles são indústrias), distribui entre 12 milhões de metros cúbicos e 13 milhões de metros cúbicos de gás por dia na sua área de concessão, dos quais 9 milhões vêm da Bolívia.
"O governo boliviano já vinha cantando essa bandeira [a estatização da exploração de petróleo e gás] desde a campanha do presidente Evo Morales. É claro que a forma como isso foi feito surpreendeu. Agora, não é interesse nosso, nem da Petrobras, nem da Bolívia que haja interrupção no fornecimento de gás para o Brasil. O governo boliviano quer aumentar suas receitas", afirma Marcelo Menicucci, diretor de planejamento estratégico da Comgas.
A Comgas também não prevê alterações de preços devido à estatização do gás boliviano. "Nosso contrato com a Petrobras tem validade até 2019 e possui cláusulas de preços fixos. Eventualmente, se houver um imprevisto, o regulador [Comissão de Serviços Públicos de Energia, autarquia do governo do Estado] pode autorizar um repasse de preço extraordinário, como já aconteceu. Mas, hoje, não há motivo para mudanças nos preços. O aniversário dos contratos de concessão é em maio, quando pode ocorrer novo reajuste." Na avaliação de Menicucci, alguns clientes, de qualquer forma, estão preparados para utilizar outras fontes de energia.
O preço do gás, segundo informa, é atrelado ao preço dos óleos combustíveis, que têm cotação no mercado internacional.
"Não existe, portanto, a possibilidade de a Bolívia subir o preço do gás porque deseja subir o preço do gás. Agora, não posso afirmar que o preço do gás não vá subir mais. Essa questão terá de ser conversada entre a Petrobras e o governo boliviano. Nosso contrato não é feito com a Bolívia, mas com a Petrobras, e no Brasil", afirma Menicucci.
A Gas Brasiliano, que distribui gás boliviano nas regiões de São Carlos, Ribeirão Preto, Araçatuba, Porto Ferreira e Matão, informa que o abastecimento nas suas áreas de concessão não sofreu e não deve sofrer alteração. A empresa, que tem cerca de 1.800 clientes, tem contrato firmado com a Petrobras até 2012, segundo informa a assessoria da direção da companhia.
A Gas Brasiliano informa que "é prematuro" falar em interrupção de fornecimento ou aumento de preço do gás. Informa que o último reajuste para os consumidores ocorreu em fevereiro deste ano e que não há qualquer previsão para novas altas.
A Gas Natural São Paulo Sul, que distribui 1 milhão de metros cúbicos por dia de gás boliviano na região sul do Estado de São Paulo, informa que "o fornecimento de gás está normal" e que vai aguardar mais informações da Petrobras para se pronunciar.
A companhia informa que não prevê "qualquer interrupção na distribuição de gás natural a seus clientes". "A empresa está certa de que todas as providências cabíveis já estão sendo tomadas pelo governo federal e a Petrobras no sentido de preservar os interesses do mercado brasileiro e segue no aguardo de novas informações", informa a Gas Natural por meio de sua assessoria de imprensa.


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