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TENSÃO ENTRE VIZINHOS
Comgas, Gas Brasiliano e Gas Natural afirmam que acordo com a Petrobras estabelece preços fixos
Contrato impede reajuste, diz distribuidora
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A Comgas, controlada pelos
grupos BG e Shell, que distribui
gás nas regiões metropolitanas de
São Paulo, Campinas, Vale do Paraíba e Baixada Santista, informa
que "não há razão para acreditar
que o fornecimento de gás boliviano para o Brasil será interrompido", após decisão do governo
da Bolívia de nacionalizar a exploração de gás e de petróleo.
A Comgas, com 500 mil clientes
(cerca de mil deles são indústrias), distribui entre 12 milhões
de metros cúbicos e 13 milhões de
metros cúbicos de gás por dia na
sua área de concessão, dos quais 9
milhões vêm da Bolívia.
"O governo boliviano já vinha
cantando essa bandeira [a estatização da exploração de petróleo e
gás] desde a campanha do presidente Evo Morales. É claro que a
forma como isso foi feito surpreendeu. Agora, não é interesse
nosso, nem da Petrobras, nem da
Bolívia que haja interrupção no
fornecimento de gás para o Brasil.
O governo boliviano quer aumentar suas receitas", afirma Marcelo
Menicucci, diretor de planejamento estratégico da Comgas.
A Comgas também não prevê
alterações de preços devido à estatização do gás boliviano. "Nosso contrato com a Petrobras tem
validade até 2019 e possui cláusulas de preços fixos. Eventualmente, se houver um imprevisto, o regulador [Comissão de Serviços
Públicos de Energia, autarquia do
governo do Estado] pode autorizar um repasse de preço extraordinário, como já aconteceu. Mas,
hoje, não há motivo para mudanças nos preços. O aniversário dos
contratos de concessão é em
maio, quando pode ocorrer novo
reajuste." Na avaliação de Menicucci, alguns clientes, de qualquer
forma, estão preparados para utilizar outras fontes de energia.
O preço do gás, segundo informa, é atrelado ao preço dos óleos
combustíveis, que têm cotação no
mercado internacional.
"Não existe, portanto, a possibilidade de a Bolívia subir o preço
do gás porque deseja subir o preço do gás. Agora, não posso afirmar que o preço do gás não vá subir mais. Essa questão terá de ser
conversada entre a Petrobras e o
governo boliviano. Nosso contrato não é feito com a Bolívia, mas
com a Petrobras, e no Brasil", afirma Menicucci.
A Gas Brasiliano, que distribui
gás boliviano nas regiões de São
Carlos, Ribeirão Preto, Araçatuba, Porto Ferreira e Matão, informa que o abastecimento nas suas
áreas de concessão não sofreu e
não deve sofrer alteração. A empresa, que tem cerca de 1.800
clientes, tem contrato firmado
com a Petrobras até 2012, segundo informa a assessoria da direção da companhia.
A Gas Brasiliano informa que "é
prematuro" falar em interrupção
de fornecimento ou aumento de
preço do gás. Informa que o último reajuste para os consumidores ocorreu em fevereiro deste
ano e que não há qualquer previsão para novas altas.
A Gas Natural São Paulo Sul,
que distribui 1 milhão de metros
cúbicos por dia de gás boliviano
na região sul do Estado de São
Paulo, informa que "o fornecimento de gás está normal" e que
vai aguardar mais informações da
Petrobras para se pronunciar.
A companhia informa que não
prevê "qualquer interrupção na
distribuição de gás natural a seus
clientes". "A empresa está certa de
que todas as providências cabíveis já estão sendo tomadas pelo
governo federal e a Petrobras no
sentido de preservar os interesses
do mercado brasileiro e segue no
aguardo de novas informações",
informa a Gas Natural por meio
de sua assessoria de imprensa.
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