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CORAÇÃO DIVIDIDO
Mas bolivianos que moram em SP apóiam medida de Evo Morales
Imigrantes temem rompimento
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os bolivianos que vivem em
São Paulo, apesar de apoiarem o
presidente Evo Morales, temem
que haja rompimento de relações entre os países e a situação
dos imigrantes fique mais complicada no Brasil após a nacionalização dos hidrocarbonetos.
"Estou preocupado. Foi feito
um acordo bilateral para facilitar a legalização de imigrantes e
temo que ele "vá para o brejo'",
diz o costureiro Angelo Vargas
Poma, 38, no Brasil desde 1990.
Para se legalizarem hoje, os
imigrantes bolivianos precisam
pagar uma multa que varia de
R$ 300 a R$ 800, dependendo do
tempo de permanência no Brasil de forma ilegal.
Segundo Wilson Ferreira
Campos, casado com uma boliviana e presidente de uma associação cultural que reúne os bolivianos, esse povo é muito discriminado em São Paulo. "Com
a medida de Morales, a tendência é que eles sejam ainda mais
discriminados."
Os bolivianos tentam acompanhar, como podem, as ações
do presidente e a repercussão de
seus atos no Brasil. Têm utilizado a internet para buscar notícias e trocam informações por
meio também de uma rádio,
clandestina, com grande audiência entre os imigrantes.
"Tudo ficará melhor para os
bolivianos [com a medida]. Antes, as empresas estrangeiras só
exploravam os nossos recursos
[naturais]. Agora, terão que respeitar as leis do país e não poderão mais levar quase tudo embora", diz o costureiro Rubens
Zabaleta, 25.
A Bolívia é aqui
Na rua Coimbra, que concentra bolivianos no bairro do Brás
(central de SP), há um salão de
cabeleireiro com a placa de "peluqueria" na entrada e um restaurante chamado La Paz. Dentro do estabelecimento, garrafas
de bebidas do país de origem
compõem a decoração.
Para Vilma Montano, 47, boliviana e proprietária do restaurante, o presidente Morales tenta resolver hoje um problema
antigo do país. "Ele está tentando reformular os acordos feitos
em governos anteriores que não
eram bons para o país."
Em sua opinião, Morales foi o
único governante que teve coragem de ir contra o capital estrangeiro. "Temos uma grande
expectativa que seu governo dê
certo. Espero que ele consiga
terminar o mandato", diz.
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