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Novas medidas podem
afetar negócios do Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
Logo após anunciar a nacionalização do gás na Bolívia, o presidente Evo Morales afirmou ter
planos de nacionalizar as terras e
propriedades nas florestas do
país. Se fizer o que promete, como
no caso do gás, mais um setor da
economia na mão de brasileiros
será atingido. Cerca de 50% da soja produzida no departamento
(estado) de Santa Cruz está nas
mãos de fazendeiros brasileiros. A
soja é o principal produto de exportação do país, depois do gás.
Fontes diplomáticas e do governo brasileiro que falaram à Folha
em condição de anonimato, também acham que há possibilidade
de novas nacionalizações no setor
de extração de minérios. Principalmente o zinco, um dos principais produtos de exportação da
Bolívia, onde várias empresas
americanas têm investimentos,
ou na revisão de contratos de
obras públicas.
Qualquer movimento brusco
do boliviano contra investimentos estrangeiros atinge negócios
do Brasil. O país é o maior parceiro comercial da Bolívia.
A Petrobras responde por 22%
da arrecadação boliviana e por
15% do PIB. Cerca de 60% do superávit da balança comercial do
país é obtida com as exportações
para o Brasil, que compra 32%
das exportações bolivianas. Por
sua vez, a Bolívia compra 26% de
suas importações do Brasil. De
feijão a tratores, de equipamentos
para a colheita a barras de ferro, a
pauta das exportações brasileiras
para a Bolívia é incomparavelmente mais diversificada que o
inverso: 95% das exportações bolivianas ao Brasil se resumem ao
gás.
Comparados, outros parceiros
da Bolívia têm um volume de negócios muito menor. O segundo
parceiro do país, os Estados Unidos, fica com 15% das exportações e 14% das importações bolivianas. A Argentina, de onde a
Bolívia compra 16% de suas importações, é um comprador minúsculo da Bolívia.
Maior investidor
Alem do peso comercial, há a
importância dos investimentos.
Além da Petrobras e da soja, várias obras de infra-estrutura no
país são realizadas por empreiteiras brasileiras que venceram licitações por lá.
No momento, três grandes estradas são construídas por brasileiros. Dois trechos da rodovia
que vai ligar Santa Cruz a Puerto
Suárez, na fronteira com o Brasil,
ao lado de Corumbá, são executados por Odebrecht e um consórcio entre a Camargo Correa e a
ARG. Outra estrada, que liga, Tarija a Potosí, no sul do país, é
construída pela Queiroz Galvão.
Cada trecho envolve investimentos superiores a 100 milhões de
dólares. Há temores, entre diplomatas brasileiros, de que o governo Morales possa rever esses contratos.
A economia boliviana é muito
dependente de poucos produtos:
gás, soja, petróleo cru e zinco são
os principais produtos de exportação. Apesar de rico em gás, o
país ainda precisa importar gasolina e diesel - principalmente de
Argentina e Venezuela.
(RJL)
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