|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Petrobras terá de pagar por falta de gás
Estatal assina compromisso para fornecer gás natural a termelétricas; se não entregar, ressarcirá pela energia não gerada
Pelo termo, Petrobras tem de entregar gás suficiente
para 19 usinas, que, até o final de 2011, terão
potencial de 6.659 MW
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Petrobras concordou em
assinar termo de compromisso
para fornecimento de gás natural para usinas termelétricas. O
acordo será assinado com a
Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) e prevê que,
caso não consiga entregar o gás,
a estatal terá de pagar pela
energia que não puder ser gerada nessas usinas.
De acordo com a agência reguladora do setor, caso a Petrobras não honre o compromisso
e tenha de pagar a penalidade
prevista no acordo, os recursos
arrecadados serão destinados a
diminuir reajustes nas tarifas
de energia.
No final do ano passado, o governo testou a capacidade de
geração das usinas termelétricas a gás natural. Descobriu
que, de uma capacidade instalada total de aproximadamente
8.000 MW (megawatts), só podia contar com 4.395,45 MW
médios. Ou seja, por falta de
gás, havia déficit de 3.624,55
MW médios.
Nem todas essas usinas recebem gás da Petrobras. Pelo termo de compromisso, a Petrobras deverá prover gás suficiente para 19 usinas que, até o final
de 2011, deverão poder gerar
6.659 MW. Hoje, a estatal deveria fornecer gás para 17 usinas,
que, somadas, poderiam produzir 6.268 MW.
Por falta de gás, apenas nove
dessas usinas estão gerando e,
somadas, produzem cerca de
2.200 MW.
O cumprimento do termo de
compromisso é fundamental
para reduzir os riscos de falta
de energia a partir de 2010. De
acordo com estudo feito pela
consultoria PSR, a pedido do
Instituto Acende Brasil (que
reúne os principais investidores privados em energia), até
2009 o risco de o governo decretar racionamento está dentro dos limites aceitáveis -menor do que 5%.
Em 2010, esse risco já seria
de 8% e, em 2011, de 14%. Se
houver atraso no andamento
das obras de aumento de oferta,
esse risco sobe para 17,5% em
2010 e para 24% em 2011. No
pior cenário retratado pelo estudo, que relaciona atraso nas
obras a uma demanda por energia maior do que a prevista, o
risco de o governo decretar racionamento seria de 23,5% em
2010 e de 30% em 2011.
A importância da garantia de
suprimento de gás aumenta se
for levado em consideração que
grandes projetos previstos para
entrar em operação no início de
2011 estão atrasados.
De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia
Elétrica, documento oficial do
governo para o planejamento
do setor, a hidrelétrica de Jirau,
no rio Madeira (RO), com capacidade de 3.300 MW, deveria
começar a funcionar em janeiro de 2011.
Outra hidrelétrica do rio Madeira, a de Santo Antônio (3.150
MW), deveria ficar pronta em
janeiro de 2012. Os dois projetos não têm sequer licença ambiental prévia. A liberação dos
empreendimentos, previstos
no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), é objeto
de crise dentro do governo, que
opõe a Casa Civil e o Ministério
de Minas e Energia ao Ministério do Meio Ambiente.
Texto Anterior: Câmara aprova mudança para publicar editais Próximo Texto: Morales cobra investimentos de petroleiras Índice
|