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Vendas do comércio de luxo crescem 30%
Desempenho no 1º trimestre foi quase o dobro dos 17% de 2007; matrizes exigem metas maiores de suas filiais no país
Outras 13 empresas estão negociando a vinda ao
país; grifes reclamam das barreiras tributárias e
de burocracia no Brasil
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise financeira fez o Brasil
entrar definitivamente no radar das grifes de luxo. No primeiro trimestre deste ano, o
crescimento das vendas foi de
30%, quase o dobro do registrado em 2007, quando o setor teve uma expansão recorde de
17%. Em 2009, ano da crise, esse índice foi de 10%.
No momento, 13 novas marcas estrangeiras estão em negociações avançadas e todas as
grandes companhias, que antes
só tinham "ideia" de vir ao país,
agora têm projetos concretos.
"Os consumidores voltaram
a comprar com a frequência de
antes da crise", diz Carlos Ferreirinha, presidente da MCF,
uma das principais consultorias do setor. "Está havendo um
reaquecimento acima do esperado e não há grife estrangeira
que não planeje vir ao Brasil."
No ano passado, a crise provocou estragos nos balanços
das matrizes dessas companhias. Ao contrário da Europa e
dos EUA, que sentiram os efeitos do aperto financeiro mais
pesadamente, o Brasil foi um
dos primeiros a superar o marasmo econômico que assolou
os mercados mais maduros.
Isso fez com que muitas subsidiárias brasileiras tivessem
de ajudar suas matrizes, repassando mais lucros ou aumentando suas vendas acima do
planejado, como aconteceu
com Diesel, Montblanc, Gucci,
Hermès, Armani, Louis Vuitton, entre outras, segundo a
Folha apurou.
Estima-se que, na média, essas subsidiárias receberam no
final do ano passado metas de
vendas 30% superiores.
As filiais brasileiras conseguiram renegociar os preços de
importação das mercadorias,
obtendo descontos que em alguns casos chegaram a 40%.
Essa diferença foi repassada
aos consumidores.
Resultado: um aquecimento
nas vendas, conforme mostra o
levantamento do primeiro trimestre deste ano feito pela
Abrael (Associação Brasileira
das Empresas de Luxo).
Os especialistas acreditam
que, nesse ritmo, o mercado de
luxo deverá fechar 2010 com
receitas da ordem de R$ 8,5 bilhões, contra R$ 6,5 bilhões em
2009. O setor de serviços de alto padrão (gastronomia, hotelaria, entre outros) também
desponta com força.
Burocracia
As 13 marcas estrangeiras
que estão em negociações para
se instalar no país estão frustradas com as barreiras tributárias e com a burocracia no Brasil, segundo a Folha apurou.
Para essas empresas, a propaganda feita pelas agências de
investimento brasileiras no exterior para atraí-las não confere com a realidade no país e as
exigências praticamente inviabilizam uma operação própria,
obrigando-as a buscar representantes brasileiros que passam a importar os produtos.
A Vita Derm Clinic, ícone dos
cosméticos, é um exemplo. No
mundo, a marca possui poucas
lojas próprias. Isso porque optou por um modelo de negócio
centrado em redes de distribuição de grandes varejistas. No
Brasil, como não há redes com
o perfil exigido pela Clinic, ela
se viu obrigada a abrir uma loja.
A Sephora, que pertence ao
grupo LVMH, é outra que há
mais de uma década tenta viabilizar uma operação no Brasil.
A carga tributária brasileira
para artigos importados é tão
grande que o produto mais
"popular" da marca no exterior
seria vendido como artigo de
alto luxo no país.
Especialistas acreditam que,
se a reforma tributária e a modernização dos postos alfandegários já tivessem sido feitas, o
crescimento do mercado de luxo no Brasil seria maior.
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