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Bovespa sofre com humor internacional
Em 2009, capital externo representava 34,2% do total movimentado na Bolsa; neste ano, participação caiu para 27,3%
Do dia 8, quando o Ibovespa atingiu seu pico, ao dia 28, estrangeiros se desfizeram de mais de R$ 2,2 bilhões em ações de empresas do país
DA REPORTAGEM LOCAL
As perspectivas de crescimento mais robusto para a economia brasileira em 2010, com
seus reflexos nos resultados de
empresas de diferentes segmentos, não têm ajudado muito a BM&FBovespa.
Ainda muito dependente dos
fluxos de capital externo, a Bolsa tem demonstrado nas últimas semanas o quanto os humores internacionais podem
afetá-la de forma negativa.
Depois de registrar a máxima
do ano, de 71.784 pontos, no
pregão do dia 8 de abril, a Bovespa sucumbiu à piora do cenário externo, que afugentou
os estrangeiros e derrubou o
mercado local. Na sexta-feira, a
Bolsa registrou 67.529 pontos.
Se o clima no começo de abril
era de animação, com analistas
e investidores apostando quanto tempo levaria para o índice
Ibovespa bater seu recorde histórico -os 73.516 pontos computados em 20 de maio de
2008-, o que se vê agora é o retorno das incertezas.
"O cenário de curto prazo está muito mais para a Bolsa em
60 mil pontos do que em 70 mil
pontos", resume Luiz Roberto
Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza
Barros. "Nada garante que a
Bolsa não volte para os 60 mil
pontos. Ainda há muitas incertezas na Europa", afirmou.
A pontuação da Bolsa oscila
com o sobe-e-desce das ações.
Quanto mais valorizadas estão,
mais a pontuação se eleva.
Apesar da participação do investidor estrangeiro ter diminuído neste ano, ainda segue
decisiva para o desempenho do
mercado. Em 2009, o capital
externo respondeu por 34,2%
do total movimentado na Bolsa. Neste ano, a participação recuou para 27,3%.
Do dia 8, quando o Ibovespa
atingiu seu pico, ao dia 28, os
estrangeiros se desfizeram de
mais de R$ 2,2 bilhões em ações
de companhias brasileiras.
"Os estrangeiros entram e
saem com muita rapidez do
mercado. Vimos o efeito disso
em 2008, quando a Bolsa de Valores caiu muito, e no ano passado, quando o movimento foi
inverso", disse Monteiro.
Em 2009, os estrangeiros colocaram líquidos R$ 20,59 bilhões na Bolsa. Em 2008, retiraram R$ 24,63 bilhões. Neste
ano, o saldo está negativo em
R$ 1,14 bilhão.
Dias melhores
Todavia, o atual cenário pouco favorável ao mercado acionário -apesar das exceções-
não tem desanimado o investidor. As grandes oscilações dos
últimos anos devem ter ensinado ao acionista menos experiente que aplicar em Bolsa significa encarar altos e baixos.
Se em 2008 muita gente perdeu dinheiro, com o Ibovespa
sofrendo depreciação de 41,2%,
em 2009 a recuperação foi expressiva, com ganhos acumulados de 82,6%.
Os fundos de ações têm demonstrado que o investidor está paciente e até em busca de
pechinchas. Neste mês de perdas, os fundos de ações computaram, até o dia 27, captação líquida de R$ 1,08 bilhão.
No ano, a captação da categoria é de R$ 1,97 bilhão, segundo
dados da Anbima (Associação
Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais). Isso significa que mais
dinheiro tem entrado que saído
dos fundos de ações, mesmo
com a Bolsa fraca.
Já daqui para o fim do ano, as
expectativas dos analistas são
melhores. Na opinião de Pedro
Galdi, da SLW, o mercado tende a ter um segundo semestre
bem mais forte.
"Trabalho com o Ibovespa
em torno de 85 mil pontos no
fim do ano." Considerando o fechamento de sexta, essa pontuação representa alta de
25,9%.
(FABRICIO VIEIRA)
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