São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2010

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Bovespa sofre com humor internacional

Em 2009, capital externo representava 34,2% do total movimentado na Bolsa; neste ano, participação caiu para 27,3%

Do dia 8, quando o Ibovespa atingiu seu pico, ao dia 28, estrangeiros se desfizeram de mais de R$ 2,2 bilhões em ações de empresas do país


DA REPORTAGEM LOCAL

As perspectivas de crescimento mais robusto para a economia brasileira em 2010, com seus reflexos nos resultados de empresas de diferentes segmentos, não têm ajudado muito a BM&FBovespa.
Ainda muito dependente dos fluxos de capital externo, a Bolsa tem demonstrado nas últimas semanas o quanto os humores internacionais podem afetá-la de forma negativa.
Depois de registrar a máxima do ano, de 71.784 pontos, no pregão do dia 8 de abril, a Bovespa sucumbiu à piora do cenário externo, que afugentou os estrangeiros e derrubou o mercado local. Na sexta-feira, a Bolsa registrou 67.529 pontos.
Se o clima no começo de abril era de animação, com analistas e investidores apostando quanto tempo levaria para o índice Ibovespa bater seu recorde histórico -os 73.516 pontos computados em 20 de maio de 2008-, o que se vê agora é o retorno das incertezas.
"O cenário de curto prazo está muito mais para a Bolsa em 60 mil pontos do que em 70 mil pontos", resume Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros. "Nada garante que a Bolsa não volte para os 60 mil pontos. Ainda há muitas incertezas na Europa", afirmou.
A pontuação da Bolsa oscila com o sobe-e-desce das ações. Quanto mais valorizadas estão, mais a pontuação se eleva.
Apesar da participação do investidor estrangeiro ter diminuído neste ano, ainda segue decisiva para o desempenho do mercado. Em 2009, o capital externo respondeu por 34,2% do total movimentado na Bolsa. Neste ano, a participação recuou para 27,3%.
Do dia 8, quando o Ibovespa atingiu seu pico, ao dia 28, os estrangeiros se desfizeram de mais de R$ 2,2 bilhões em ações de companhias brasileiras.
"Os estrangeiros entram e saem com muita rapidez do mercado. Vimos o efeito disso em 2008, quando a Bolsa de Valores caiu muito, e no ano passado, quando o movimento foi inverso", disse Monteiro.
Em 2009, os estrangeiros colocaram líquidos R$ 20,59 bilhões na Bolsa. Em 2008, retiraram R$ 24,63 bilhões. Neste ano, o saldo está negativo em R$ 1,14 bilhão.

Dias melhores
Todavia, o atual cenário pouco favorável ao mercado acionário -apesar das exceções- não tem desanimado o investidor. As grandes oscilações dos últimos anos devem ter ensinado ao acionista menos experiente que aplicar em Bolsa significa encarar altos e baixos.
Se em 2008 muita gente perdeu dinheiro, com o Ibovespa sofrendo depreciação de 41,2%, em 2009 a recuperação foi expressiva, com ganhos acumulados de 82,6%.
Os fundos de ações têm demonstrado que o investidor está paciente e até em busca de pechinchas. Neste mês de perdas, os fundos de ações computaram, até o dia 27, captação líquida de R$ 1,08 bilhão.
No ano, a captação da categoria é de R$ 1,97 bilhão, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Isso significa que mais dinheiro tem entrado que saído dos fundos de ações, mesmo com a Bolsa fraca.
Já daqui para o fim do ano, as expectativas dos analistas são melhores. Na opinião de Pedro Galdi, da SLW, o mercado tende a ter um segundo semestre bem mais forte.
"Trabalho com o Ibovespa em torno de 85 mil pontos no fim do ano." Considerando o fechamento de sexta, essa pontuação representa alta de 25,9%. (FABRICIO VIEIRA)


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