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São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2003

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O VÔO DA ÁGUIA

Juro baixo e corte de pessoal elevam ganho

Empresas dos EUA têm maior alta nos lucros desde o estouro da "bolha"

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Os ganhos das 500 maiores empresas norte-americanas aumentaram 11,7% no primeiro trimestre de 2003. Foi o melhor resultado obtido desde antes do início do estouro da chamada ""bolha de investimentos" nos EUA -a partir do terceiro trimestre (julho a setembro) de 2000.
Os ganhos entre janeiro e março deste ano projetam um lucro líquido de mais de 10% para essas companhias até o final de 2003. A melhora não deve ter repercussões no emprego no curto prazo.
Essas são as principais conclusões de estudo obtido pela Folha da consultoria First Call, que analisou os balanços do primeiro trimestre de 98% das 500 maiores empresas listadas no índice S&P da Bolsa de Nova York.
O primeiro trimestre de 2003 mostrou uma tendência sólida. Nos últimos três trimestres de 2002, os ganhos por período haviam ficado em 2,4%, 4,4% e 6,4% -contra os 11,7% de agora.
O resultado entre janeiro e março passados foi consolidado em cima de um aumento de produtividade e corte de custos.
Juros baixos (a taxa básica nos EUA está em 1,25% ao ano), mercado imobiliário aquecido, alta nos preços do petróleo e aumento nos gastos públicos também ajudaram a melhorar os resultados de empresas ligadas a essas áreas.
O maior impulso veio, no entanto, do aumento da produtividade geral aliado a uma redução drástica na folha de pessoal.
Até o estouro da ""bolha", em 2000, o índice de produtividade das empresas do setor produtivo vinha alcançando aumentos de até 8% ao ano como resultado dos pesados investimentos em tecnologias e comunicação.
Hoje, é o setor produtivo que registra a maior queda no emprego, com 2,2 milhões de postos fechados desde julho de 2000.
O resultado dessas 500 maiores companhias, baseado em produtividade maior e folhas de pagamento enxutas, também explica em boa medida a evolução do mercado acionário americano nos últimos meses. Desde janeiro, o índice Dow Jones acumula alta de 6%, e o Nasdaq, de 20%.
A maior parte dos balanços das grandes companhias americanas do primeiro trimestre mostra ainda uma expectativa um pouco mais otimista para o resto do ano.
Os comentários dirigidos aos acionistas, porém, ainda apresentam planos de demissões ou contenção como trunfos para aumentar a lucratividade e ""pagar a conta" do excesso de investimentos dos últimos anos.

Manufatura
Ontem, foi divulgado também que o índice que mede a produção da indústria manufatureira americana subiu de 45,4 pontos em abril para 49,4 em maio, acima das previsões iniciais.
Embora o indicador só mostre uma expansão a partir dos 50 pontos, ele vem subindo também de forma consistente desde o início do ano. O setor manufatureiro responde por um quinto da economia americana.


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