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São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2003

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CONFLITO

Invasão é a terceira em área da empresa neste ano; sem-terra criticam os transgênicos e pedem reforma agrária

MST invade centro da Monsanto em Goiás

ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA

Cerca de 2.000 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram na madrugada de ontem a estação de pesquisa, treinamento e beneficiamento de sementes da Monsanto do Brasil em Santa Helena de Goiás (220 km ao sul de Goiânia).
É a terceira invasão a uma área da Monsanto neste ano. Em maio, a unidade de Ponta Grossa (PR) foi invadida duas vezes pelo MST.
Como no Paraná, a ação em Goiás -além de pressionar o governo para agilizar a reforma agrária- é um protesto contra as experiências com plantas geneticamente modificadas (transgênicas) na propriedade invadida.
"Trata-se de um centro de ilegalidade. Mesmo produzindo sementes apenas para pesquisas, eles [a Monsanto] estão plantando com a intenção de reproduzir", disse o líder do MST Luiz Afonso Arantes.
Para Arantes, o "poder agrícola" da Monsanto é capaz de "arrebentar com os pequenos produtores rurais". "Por se tratar de uma empresa multinacional, ela [Monsanto] impõe uma situação que impede a competição com os agricultores familiares."
De acordo com a Monsanto, na fazenda invadida pelo MST, 200 ha destinados à pesquisa, dos quais 7 ha são destinados a ensaios com sementes transgênicas. Outros 11 ha são usados para a produção e o beneficiamento de sementes convencionais e 96 ha para reserva ambiental.
A empresa afirma que as pesquisas com transgênicos seguem as especificações da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) e são fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura.

A invasão
Segundo o MST, os sem-terra invadiram a fazenda por volta das 4h, vindos de assentamentos próximos, nas cidades de Rio Verde, Paranaiguara e Caldas Novas.
De manhã, a Monsanto informou a Secretaria da Segurança Pública do Estado sobre a invasão. Depois, entrou com um pedido de reintegração de posse -que, até o fechamento desta edição, não havia sido julgado- na Justiça de Goiás.
O MST diz aguardar o posicionamento do governo estadual e da empresa para negociar a saída das famílias.


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