São Paulo, sábado, 03 de junho de 2006

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Sob temor de fracasso, Varig adia leilão

Juiz atende a pedido da companhia, que temia que não aparecesse comprador e que venda fosse realizada a "preço vil"

Operação, que seria realizada na segunda, fica para o dia 8; indefinições jurídicas assustam potenciais compradores

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O leilão de venda da Varig foi adiado de segunda-feira para o dia 8. O juiz Paulo Roberto Fragoso, que auxilia a 8ª Vara Empresarial no processo de recuperação da companhia, atendeu o pedido da Varig com o objetivo de conseguir um preço maior no leilão.
De acordo com o que a Folha apurou, a expectativa era que não aparecesse comprador caso a data fosse mantida. Havia também o temor de que a companhia fosse vendida a "preço vil" porque as propostas não estariam de acordo com o patamar de preço definido pela Varig. Riscos elevados, indefinições jurídicas e a obrigação de adiantar recursos para a empresa reduziram o apetite dos investidores.
Em nota, o Tribunal de Justiça afirma que a companhia ganhou mais tempo para estudar as propostas apresentadas até agora. Segundo Marcelo Gomes, diretor da Alvarez & Marsal, que atua como reestruturadora da Varig, o pedido de adiamento partiu dos próprios investidores. "Os investidores solicitaram um prazo adicional para analisar todas as informações. Além disso, o leilão seria feito após dois dias sem funcionamento bancário e seria difícil estruturar a operação."
Segundo o juiz Fragoso, a Varig tem fôlego para aguardar até o dia 8. "Entendi que esse pedido era extremamente conveniente porque é a possibilidade de atrair novos investidores e conseguir um preço maior", disse.
De acordo com Gomes, a companhia acertou alongamento de prazos com seus principais fornecedores, com destaque para a BR. "Conseguimos recursos de fornecedores correntes, e o prazo é de apenas três dias", disse.

Tempo
Com o avanço da crise, a frota da Varig hoje é de 60 aeronaves. Desse total, 46 estão em operação. Segundo Rodrigo Marocco, do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), o adiamento foi benéfico para a companhia. "Tem muito atropelo, o investidor precisa de tempo para avaliar a situação da empresa. Se o leilão fosse levado adiante, a empresa poderia ser vendida a qualquer preço ou a falência poderia ser decretada", disse.
O edital de leilão da Varig prevê um aporte de US$ 75 milhões três dias após a venda da companhia, antes mesmo que o vencedor obtenha a autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Caso o comprador não consiga cumprir os requisitos da Anac, o segundo colocado pode ser convocado.
Apesar das incertezas sobre a forma de realização do leilão, o consórcio Aero-LB (liderado pela TAP), a Gol, a TAM e a OceanAir entraram no data room para acessar as informações da empresa. Participam da disputa também o escritório de advocacia Ulhôa Canto, Rezende e Guerra, que representa um fundo de investimentos que atua no Reino Unido e nos Estados Unidos, e a Amadeus, empresa de reserva de passagens, que já pegou o manual de diligência (conjunto de normas e procedimentos do leilão).
Os investidores poderão escolher entre dois modelos de venda da companhia. No primeiro, será ofertada a Varig Operações, que reúne linhas domésticas e internacionais, com lance mínimo de US$ 860 milhões. Entre os investidores, há consenso de que esse valor dificilmente será alcançado. A outra hipótese de venda prevê a oferta da Varig Regional, que reúne as linhas domésticas da companhia por US$ 700 milhões. Nos dois casos, a parcela ofertada é isenta de dívidas.


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