|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Preço do leite sobe 60% em 2 meses em SP
Produtores afirmam que índice reflete recuperação de margens defasadas; com alta, vendas recuam 10% nos mercados
Na capital, preço do leite longa vida aumentou 13,7% em maio, enquanto inflação avançou 0,33%; tendência
é preço subir mais, diz Fipe
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os preços do leite longa vida
subiram mais de 60% nos últimos 60 dias, segundo levantamento da Apas (Associação
Paulista de Supermercados). O
litro de leite, vendido a R$ 1,40
em março, passou para R$ 2,25
em maio. Neste mês, o preço
vendido ao consumidor chega a
R$ 2,50 em supermercados.
Os produtores afirmam que a
alta no preço é resultado de recuperação de margens, necessária para cobrir custos.
"Em maio do ano passado, os
produtores recebiam entre R$
0,80 e R$ 0,83 por litro. Hoje,
recebem de R$ 0,75 a R$ 0,76.
Os preços têm de subir para R$
0,80, no mínimo", afirma Jorge
Rubez, presidente da Associação Brasileira dos Produtores
de Leite, a Leite Brasil, que reúne 35 mil produtores.
A entressafra na produção de
leite, que ocorre de maio a
agosto, pressiona a elevação
nos preços, segundo os supermercadistas. Soma-se a isso,
neste ano, a redução de oferta
do leite provocada pelo problema financeiro da Indústria de
Alimentos Nilza.
A Nilza enfrenta período de
recuperação judicial desde
abril devido a uma dívida de R$
200 milhões. A empresa, que
chegou a produzir 1,5 milhão de
litros de leite por dia, reduziu a
produção para 500 mil litros
por dia a partir de março.
"Os produtores de leite consideram que essa é a hora de tirar a barriga da miséria. Há dois
anos, eles tiveram esse mesmo
comportamento, e a demanda
caiu. O consumidor não quer
pagar R$ 2,50 pelo litro do leite", afirma Martinho Paiva Moreira, vice-presidente da Apas.
O preço do leite, na avaliação
de Heron do Carmo, pesquisador da Fipe, está seguindo um
padrão muito próximo "ao do
pior ano desta década, que foi
2007, quando ocorreu a crise
das commodities agrícolas no
mundo devido à seca em vários
países", afirma.
Em maio, o preço do leite
longa vida subiu 13,73% na cidade de São Paulo, segundo levantamento da Fipe. A inflação
foi de 0,33%. "Na minha avaliação, esse aumento nos preços é
reflexo de falta de produto."
O preço do leite sobe mais do
que a inflação há algum tempo.
No acumulado de dezembro de
2001 a maio deste ano, segundo
Carmo, o preço do leito longa
vida subiu 112%, enquanto a inflação no período foi de 64%.
Se seguir o comportamento
de preços de 2007, o que tudo
indica, na avaliação de Carmo,
o preço do leite vai continuar
subindo nos próximos meses e
vai pressionar a inflação.
Na última semana, segundo a
Apas, as vendas de leite caíram
10% nos supermercados como
reflexo da alta de preços. Alguns consumidores estão substituindo o produto por bebida à
base de soja e pelo leite em pó.
Sussumu Honda, presidente
da Abras (Associação Brasileira
de Supermercados), afirma que
o consumidor também está trocando leite por iogurtes.
Para Honda, a pressão sobre
o preço do leite neste ano é diferente da do ano passado -em
maio de 2008 o preço do produto subiu 5,08%, segundo a Fipe.
"Em 2008, a alta ocorreu
porque dobrou o preço do leite
em pó, que é commodity internacional. Neste ano, não existe
essa pressão, mas há seca em algumas regiões do país."
Para Rubez, se o produtor receber por litro do leite "o suficiente para cobrir custos, a produção de leite cresce". "A entressafra para nós é o preço que
o produtor recebe. Se o preço
cai, cai também a produção."
A produção de leite no Brasil
neste ano, segundo ele, deve ser
a mesma da do ano passado, de
27,24 bilhões de litros.
Texto Anterior: Contribuinte pode verificar IR na internet Próximo Texto: Dólar recua para R$ 1,924 com fluxo de estrangeiros Índice
|