São Paulo, quarta-feira, 03 de junho de 2009

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GM anuncia a venda da Hummer para chineses

Negociação de marca de jipes pesados é parte do processo de concordata da montadora

Com mais crédito e maior confiança do consumidor, vendas de veículos nos EUA se recuperam e atingem em maio o maior patamar do ano

Rick Wilking - 1º.jun.09/Reuters
Veículo Hummer durante revisão em concessionária de Denver, nos EUA; GM acerta a venda da marca para companhia chinesa

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Um dia após seu pedido de concordata, a General Motors acertou a venda da Hummer, uma de suas marcas de automóveis mais pesados e de mais elevado consumo de combustível, para a chinesa Sichuan Tengzhong Heavy Industrial Machinery.
Se concretizada, será a maior aquisição externa feita pela China de uma empresa do setor automotivo. O valor da operação não foi divulgado.
Centenas de Hummers estão sendo usados pelas tropas americanas no Iraque, onde a maioria roda blindada. O jipe se transformou em sonho de consumo entre endinheirados no país do Oriente Médio.
Mesmo assim, nos primeiros quatro meses deste ano, a marca Hummer vendeu só 4.019 veículos -queda de 67% sobre o mesmo período de 2008.
Além da Hummer, a GM deve se desfazer das marcas Saturn e Pontiac como parte do processo de concordata.
Mas, apesar da crise no mercado automobilístico norte-americano, as vendas de veículos nos EUA atingiram em maio o maior patamar do ano. A recuperação reflete a volta da confiança dos consumidores, a ainda frágil recuperação da economia e o aumento do crédito ao consumo.
Para a GM, maio foi o melhor em vendas em 2009, com aumento de 11% sobre abril.
"Conseguimos nosso melhor mês do ano em maio enquanto alguns resultados da economia mostram melhora", disse Mark LaNeve, vice-presidente de vendas da GM para o mercado norte-americano.
"Esses novos sinais, associados a uma situação mais clara sobre o que deve ocorrer com a GM [em concordata], dão indicações mais claras do que deve ser a nova GM", disse.
O patamar de vendas da GM, porém, continua 30% abaixo do desempenho do mesmo período de 2008. O resultado foi prejudicado principalmente pelo fato de a companhia não ter conseguido emplacar a venda de grande quantidade de veículos para empresas que alugam automóveis ou que têm frotas significativas nos EUA.
Entra as três maiores montadoras nos EUA, GM e Chrysler estão em concordata. Para a Ford, segunda maior fabricante (posicionada entre as duas), a crise tem se revelado uma oportunidade para elevar sua fatia de mercado e vender mais.
A Ford comunicou ontem que sua participação total no mercado norte-americano atingiu o maior nível em três anos, depois de as vendas totais terem aumentando 20% em maio na comparação com abril.
A montadora anunciou que deve aumentar a produção de veículos nos EUA, enquanto GM e Chrysler tendem a reduzir, vender ou eliminar marcas.
No caso da Chrysler, as vendas caíram 47% em maio sobre o mesmo mês de 2008. Em relação à Ford, que detonou agressiva campanha para ganhar mercado, a queda foi de 24% sobre o ano anterior.
Já as japonesas Toyota e Honda tiveram quedas de 41% e 42%, respectivamente, sobre maio de 2008.
No geral, as vendas de automóveis nos EUA estão 37% abaixo do resultado do mesmo período do ano passado.

Efeito cascata
Além da indústria automotiva, a concordata da GM terá efeito abrangente em outras áreas da economia dos EUA.
Ainda não se sabe o que ocorrerá, por exemplo, com a área de publicidade da empresa. Mas a GM foi, em 2008, a maior investidora em publicidade, depois da Procter & Gamble.
Gastou US$ 5,3 bilhões. A montadora é também uma das principais patrocinadoras de eventos esportivos nos EUA.
Os tentáculos da GM vão ainda de US$ 4,5 bilhões de gastos na área de tecnologia no setor automobilístico a uma das maiores verbas para lobby no Congresso dos EUA.
Obviamente, em favor da indústria automobilística norte-americana. Será mais um conflito de interesses para o governo dos Estados Unidos, que detém agora 60% da GM.


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