São Paulo, quarta-feira, 03 de junho de 2009

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"Nova GM" já enfrenta resistências

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Tão logo a concordata seguida da estatização de fato da GM foi confirmada, na manhã de segunda-feira, e a grita contra mais uma intervenção maciça do governo na economia norte-americana começou. Ela veio principalmente de republicanos no Congresso, onde são minoria, mas também de entidades de comércio e da Ford, a única das ex-Três Grandes a seguir adiante com pernas próprias.
Os motivos são vários. Os políticos agem de olho nas eleições legislativas de 2010, quando parte do Congresso será renovada. Hoje, democratas dominam tanto o Senado como a Câmara dos Representantes (deputados federais). Republicanos pretendem contra-atacar, no entanto, principalmente nas cidades atingidas pelo fechamento de fábricas (como as das montadoras), para tentar mudar esse escore.
Só na Câmara, seis democratas e seis republicanos representam cidades que terão fábricas fechadas, mas o partido de Obama está mais exposto: segundo cálculos dos sindicatos do setor, 12 mil vagas da GM serão encerradas em distritos representados por democratas, ante 3.000 em distritos republicanos. Alguns deles já partiram para o ataque.
É o caso do representante Jim Jordan, de Ohio. "O presidente Barack Obama tomou a decisão sem precedentes de intervir num negócio privado ao substituir o CEO da General Motors", disse o republicano. "Ele certamente poderia tomar o passo honroso de reverter sua decisão de fechar a fábrica da GM em nosso Estado."
Organizações como a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, a maior entidade do setor, foram na mesma linha, criticando a decisão do governo de se envolver num negócio privado, ainda que temporariamente.
"Não é só uma questão de quanto tempo o governo será proprietário da empresa", disse Stan Collender, da empresa de consultoria Qorvis Communications, de Washington, "mas se a GM e as outras empresas podem ser bem-sucedidas o suficiente para devolver o dinheiro dos contribuintes."
Já a Ford aponta o que chama de concorrência potencialmente desleal. "A realidade é: se você está competindo contra uma companhia cuja maior parte das ações é do governo, isso causa um certo nível de preocupação sobre o quão competitiva vai ser a dinâmica para essa indústria", disse Mark Truby, porta-voz da empresa, no pronunciamento mais duro até agora.
A empresa baseada em Dearborn, no Michigan, reclamou também das injeções de dinheiro público alemão na divisão Opel, da General Motors, e francês na PSA Peugeot Citroën e na Renault. Apesar de ter participado com a GM e a Chrysler das conversas iniciais com o governo ainda no ano passado, a Ford recusou ajuda federal até agora.


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