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"Nova GM" já enfrenta resistências
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Tão logo a concordata seguida da estatização de fato
da GM foi confirmada, na
manhã de segunda-feira, e a
grita contra mais uma intervenção maciça do governo na
economia norte-americana
começou. Ela veio principalmente de republicanos no
Congresso, onde são minoria, mas também de entidades de comércio e da Ford, a
única das ex-Três Grandes a
seguir adiante com pernas
próprias.
Os motivos são vários. Os
políticos agem de olho nas
eleições legislativas de 2010,
quando parte do Congresso
será renovada. Hoje, democratas dominam tanto o Senado como a Câmara dos Representantes (deputados federais). Republicanos pretendem contra-atacar, no
entanto, principalmente nas
cidades atingidas pelo fechamento de fábricas (como as
das montadoras), para tentar
mudar esse escore.
Só na Câmara, seis democratas e seis republicanos representam cidades que terão
fábricas fechadas, mas o partido de Obama está mais exposto: segundo cálculos dos
sindicatos do setor, 12 mil vagas da GM serão encerradas
em distritos representados
por democratas, ante 3.000
em distritos republicanos.
Alguns deles já partiram para o ataque.
É o caso do representante
Jim Jordan, de Ohio. "O presidente Barack Obama tomou a decisão sem precedentes de intervir num negócio privado ao substituir o
CEO da General Motors",
disse o republicano. "Ele certamente poderia tomar o
passo honroso de reverter
sua decisão de fechar a fábrica da GM em nosso Estado."
Organizações como a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, a maior entidade
do setor, foram na mesma linha, criticando a decisão do
governo de se envolver num
negócio privado, ainda que
temporariamente.
"Não é só uma questão de
quanto tempo o governo será
proprietário da empresa",
disse Stan Collender, da empresa de consultoria Qorvis
Communications, de Washington, "mas se a GM e as
outras empresas podem ser
bem-sucedidas o suficiente
para devolver o dinheiro dos
contribuintes."
Já a Ford aponta o que
chama de concorrência potencialmente desleal. "A realidade é: se você está competindo contra uma companhia
cuja maior parte das ações é
do governo, isso causa um
certo nível de preocupação
sobre o quão competitiva vai
ser a dinâmica para essa indústria", disse Mark Truby,
porta-voz da empresa, no
pronunciamento mais duro
até agora.
A empresa baseada em
Dearborn, no Michigan, reclamou também das injeções
de dinheiro público alemão
na divisão Opel, da General
Motors, e francês na PSA
Peugeot Citroën e na Renault. Apesar de ter participado com a GM e a Chrysler
das conversas iniciais com o
governo ainda no ano passado, a Ford recusou ajuda federal até agora.
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