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DISTENSÃO
BC reduz exigências para instituições operarem no câmbio; medida tende a pressionar cotação
Bancos poderão comprar mais dólar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central anunciou ontem mudanças nas normas que
regem as operações dos bancos
no mercado de câmbio. Na prática, a decisão do BC abre espaço
para que as instituições financeiras comprem mais dólares, o que
pode pressionar a cotação da
moeda norte-americana.
O BC voltou atrás em medidas
que haviam sido tomadas em outubro do ano passado, quando,
com a proximidade das eleições, o
dólar registrava altas recordes. A
mudança ocorreu no capital mínimo que os bancos são obrigados a ter quando operam no mercado de câmbio.
Até ontem, os bancos só podiam operar no mercado de câmbio com dinheiro próprio. Ou seja, para cada R$ 1 aplicado em dólar, as instituições precisavam ter
R$ 1 de patrimônio líquido.
Essa exigência foi reduzida pela
metade. Ou seja, para cada R$ 1
investido no mercado de câmbio,
os bancos precisarão ter apenas
R$ 0,50 de capital, assim como
funcionava até outubro de 2002.
Na época, a exigência de capital
foi elevada numa tentativa de
conter a desvalorização do real.
Com as modificações, os bancos
poderão comprar mais dólares.
Uma instituição financeira com
patrimônio de R$ 100 milhões,
por exemplo, só podia aplicar R$
100 milhões no mercado de câmbio. Agora, o mesmo banco poderá investir até R$ 200 milhões em
dólares.
O diretor de Normas do BC,
Sérgio Darcy, negou que a medida
tenha por objetivo evitar uma
queda maior na cotação do dólar.
"É apenas uma medida técnica, de
caráter prudencial", disse.
A idéia da medida adotada em
2002 era evitar que um banco tivesse problemas financeiros no
caso de uma variação abrupta na
cotação do dólar. Os bancos poderiam, portanto, usar seu próprio patrimônio para compensar
prejuízos causados por movimentos inesperados no mercado.
Segundo Darcy, quanto maior o
nervosismo do mercado, maior é
o capital exigido para que as instituições financeiras possam operar com câmbio. O diretor do BC
afirmou que a mudança deve ter
impacto limitado na cotação do
dólar, pois não há uma demanda
muito forte pela moeda.
Ontem, o dólar fechou a R$
2,818 -o menor nível desde julho
de 2002. Alguns empresários costumam reclamar do recente movimento do câmbio, ao dizer que,
com a queda do dólar, as exportações perdem competitividade.
Uma queda nas exportações poderia colocar em risco o equilíbrio
das contas externas, uma das
principais preocupações da equipe econômica.
Rolagem
Outra medida com impacto no
câmbio foi a alteração na metodologia usada pelo BC na rolagem
das parcelas da dívida pública
corrigidas pelo dólar. A partir de
agora, as rolagens serão feitas em,
no máximo, dois leilões, que serão realizados, no mínimo, uma
semana antes do vencimento.
A medida pode fazer com que o
BC passe a rolar uma parcela menor da dívida cambial. Em tese,
com menos títulos disponíveis no
mercado, os investidores podem
concentrar suas aplicações no dólar em papel-moeda, o que pressionaria a taxa de câmbio.
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