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São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2003

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DISTENSÃO

BC reduz exigências para instituições operarem no câmbio; medida tende a pressionar cotação

Bancos poderão comprar mais dólar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central anunciou ontem mudanças nas normas que regem as operações dos bancos no mercado de câmbio. Na prática, a decisão do BC abre espaço para que as instituições financeiras comprem mais dólares, o que pode pressionar a cotação da moeda norte-americana.
O BC voltou atrás em medidas que haviam sido tomadas em outubro do ano passado, quando, com a proximidade das eleições, o dólar registrava altas recordes. A mudança ocorreu no capital mínimo que os bancos são obrigados a ter quando operam no mercado de câmbio.
Até ontem, os bancos só podiam operar no mercado de câmbio com dinheiro próprio. Ou seja, para cada R$ 1 aplicado em dólar, as instituições precisavam ter R$ 1 de patrimônio líquido.
Essa exigência foi reduzida pela metade. Ou seja, para cada R$ 1 investido no mercado de câmbio, os bancos precisarão ter apenas R$ 0,50 de capital, assim como funcionava até outubro de 2002. Na época, a exigência de capital foi elevada numa tentativa de conter a desvalorização do real.
Com as modificações, os bancos poderão comprar mais dólares. Uma instituição financeira com patrimônio de R$ 100 milhões, por exemplo, só podia aplicar R$ 100 milhões no mercado de câmbio. Agora, o mesmo banco poderá investir até R$ 200 milhões em dólares.
O diretor de Normas do BC, Sérgio Darcy, negou que a medida tenha por objetivo evitar uma queda maior na cotação do dólar. "É apenas uma medida técnica, de caráter prudencial", disse.
A idéia da medida adotada em 2002 era evitar que um banco tivesse problemas financeiros no caso de uma variação abrupta na cotação do dólar. Os bancos poderiam, portanto, usar seu próprio patrimônio para compensar prejuízos causados por movimentos inesperados no mercado.
Segundo Darcy, quanto maior o nervosismo do mercado, maior é o capital exigido para que as instituições financeiras possam operar com câmbio. O diretor do BC afirmou que a mudança deve ter impacto limitado na cotação do dólar, pois não há uma demanda muito forte pela moeda.
Ontem, o dólar fechou a R$ 2,818 -o menor nível desde julho de 2002. Alguns empresários costumam reclamar do recente movimento do câmbio, ao dizer que, com a queda do dólar, as exportações perdem competitividade.
Uma queda nas exportações poderia colocar em risco o equilíbrio das contas externas, uma das principais preocupações da equipe econômica.

Rolagem
Outra medida com impacto no câmbio foi a alteração na metodologia usada pelo BC na rolagem das parcelas da dívida pública corrigidas pelo dólar. A partir de agora, as rolagens serão feitas em, no máximo, dois leilões, que serão realizados, no mínimo, uma semana antes do vencimento.
A medida pode fazer com que o BC passe a rolar uma parcela menor da dívida cambial. Em tese, com menos títulos disponíveis no mercado, os investidores podem concentrar suas aplicações no dólar em papel-moeda, o que pressionaria a taxa de câmbio.


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