São Paulo, domingo, 03 de julho de 2005

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Método produz etanol a baixo custo

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Pesquisadores da FEA (Faculdade de Engenharia de Alimentos) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveram um sistema inédito que permite triplicar a produção de álcool e reduzir custos do processo industrial nas usinas.
O álcool, ou etanol -que pode ser usado como combustível nos postos e como produto das indústrias farmacêutica e de bebidas-, é produzido a partir de melaço da cana-de-açúcar. "O sistema beneficia a indústria, com a redução de custos como gastos com energia e transportes, e poderá diminuir o preço do etanol na bomba, pois sua produtividade será maior", disse um dos pesquisadores envolvidos, o professor da FEA Francisco Maugeri Filho.
Os pesquisadores desenvolveram também um software que permite a tomada de dados e o controle geral do processo.
O novo método já teve os direitos de propriedade intelectual solicitados pela universidade. O próximo passo da Unicamp é negociar com grupos de usineiros, que já demonstraram interesse em implantar o processo. Até o final deste ano os pesquisadores esperam implementar o projeto-piloto para depois passar para a escala industrial.
No novo sistema, os pesquisadores aproveitaram o método de fermentação contínua -usado em algumas destilarias- e somaram a esse processo a extração a vácuo do etanol, segundo o professor da Unicamp. A extração a vácuo diminui a toxidade do etanol pelos microorganismos que promovem a fermentação.
Segundo o professor, quando alcança 9 ou 10 GL (graus por litro), o álcool começa a inibir completamente a atuação do microorganismo, que "morre" por causa da alta toxicidade gerada pelo próprio álcool. É justamente por causa dessa "morte" do microorganismo que os fermentadores usados nos processos atuais têm sua produção limitada.
"Ao retirarmos o álcool antes de "intoxicar" os microorganismos, a atividade biológica do microorganismo se mantém e ele [microorganismo] continua a se reproduzir. Com a extração do etanol durante o processo, podemos trabalhar com maior concentração de açúcar", disse o pesquisador.
Com isso, a alimentação de açúcar, que antes só poderia chegar ao máximo de 18% (ou 180 gramas por litro) no caldo de fermentação, passa a ficar mais concentrada, podendo chegar a 54%.
"Para entender o princípio do nosso método a vácuo, é preciso lembrar que o etanol é mais volátil, evapora mais rapidamente do que os outros componentes. Ao entrar em ambiente de baixa pressão (vácuo), o etanol evapora e passa para o condensador."


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