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TURISMO
Segmento, em crise após recessão e atentados terroristas, expande-se; custo de safári na África chega a US$ 60 mil
Viagens de luxo explodem, e hotéis lucram
DA BLOOMBERG
A Abercrombie & Kent, uma
operadora de viagens de luxo, está
retomando seu roteiro de 21 dias
em um jato particular pelas ilhas e
florestas da América do Sul, ao
preço de US$ 39.100 (cerca de R$
92 mil) por pessoa, que havia sido
cancelado após os atentados terroristas de setembro de 2001.
O tour, que fará a circunavegação da América do Sul, é apenas
um sinal do crescente interesse
por roteiros turísticos de luxo que
permitiu à Marriott International
e à Starwood Hotels & Resorts
Worldwide elevar seus preços.
A demanda por roteiros que vão
desde cruzeiros em navios de luxo, ao preço de US$ 17 mil, até safáris na África que custam US$ 60
mil está disparando concomitantemente aos rendimentos dos
mais ricos.
"Os "baby boomers" [pessoas
que nasceram após a Segunda
Guerra Mundial nos Estados Unidos] estão ganhando muito dinheiro", disse Bill Marriott, principal executivo da Marriott International. "As pessoas têm muito
dinheiro. Elas estão vendendo
suas casas. Elas têm dinheiro para
gastar."
Nos hotéis da Starwood que cobram as diárias mais caras, como
as redes St. Regis e W, a receita
por quarto disponível subirá
11,3% neste ano, ritmo mais rápido do que em qualquer outro segmento do setor hoteleiro e a
maior alta desde 1996, segundo a
PricewaterhouseCoopers.
O lucro líquido da Starwood saltou 132%, o maior aumento na
comparação ano a ano desde
2000, ano mais lucrativo do setor.
"Todos os ramos do setor de
viagens terão um desempenho
forte neste verão [no hemisfério
Norte], mas, se há um segmento
que terá um desempenho excepcional, será o "deluxe", que abarca
empresas de alto luxo", disse
Bjorn Hanson, diretor da divisão
de hospitalidade da PricewaterhouseCoopers de Nova York.
Alta nas ações
As ações das maiores cadeias de
hotéis subiram com a demanda
por viagens turísticas. Os papéis
da Marriott dispararam 37% nos
últimos 12 meses, comparativamente aos 30% dos 12 meses anteriores no pregão da Bolsa de Valores de Nova York.
As ações da Hilton Hotels, sediada em Beverly Hills, na Califórnia, tiveram valorização de 28%
no período, e as da Starwood subiram 31% nos últimos 12 meses.
As reservas do SeaDream Yacht
Club para viagens marítimas, que
custam até US$ 17.250 por pessoa,
cresceram mais de 30% neste ano.
Durante as viagens para portos
como o de Nice, na França, os
clientes dispõem de open bar, um
simulador de golfe com 30 buracos, TVs de tela plana, além de
champanhe e caviar na praia.
O setor de turismo de luxo voltou e está "à toda", disse Larry Pimentel, executivo que fundou a
empresa Coconut Grove, sediada
na Flórida, em setembro de 2001.
"Se você estiver tendo um desempenho ruim neste ano, deve vender seu negócio ou sair do ramo."
Hotéis de luxo
O crescimento da demanda está
estimulando a expansão por hotéis de luxo. A Marriott, a maior
empresa hoteleira dos EUA, tem
30 hotéis da marca Ritz-Carlton
sendo desenvolvidos ou projetados, disse a empresa, sediada em
Bethesda, no Estado norte-americano de Maryland.
A Hilton, a terceira maior empresa do setor hoteleiro dos EUA,
abrirá 50 de seus hotéis de luxo
Conrad em parceria com o Hilton
Group até 2010.
A partir de outubro, os clientes
da Abercrombie & Kent poderão
tomar o Expresso do Oriente para
Machu Picchu, no Peru, mergulhar no litoral da ilha de Páscoa
com um mergulhador que trabalhou com Jacques Cousteau, navegar ao longo do Cabo Horn, na
região sul da África, onde os oceanos Pacífico e Atlântico se encontram, e dormir no Four Seasons.
"Tivemos três anos muito, muito, muito magros. Após o 11 de Setembro, tudo deu errado", disse
Geoffrey Kent, presidente da
Abercrombie & Kent, de Londres, cuja receita saltou 40% neste
ano. "Agora, a demanda está muito, muito alta."
Os gastos com viagens de luxo
começaram a desacelerar junta
com a economia dos EUA no primeiro semestre de 2001, um declínio que foi exacerbado pelos atentados do 11 de Setembro e pela
Guerra do Iraque.
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