São Paulo, domingo, 03 de julho de 2005

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TURISMO

Segmento, em crise após recessão e atentados terroristas, expande-se; custo de safári na África chega a US$ 60 mil

Viagens de luxo explodem, e hotéis lucram

DA BLOOMBERG

A Abercrombie & Kent, uma operadora de viagens de luxo, está retomando seu roteiro de 21 dias em um jato particular pelas ilhas e florestas da América do Sul, ao preço de US$ 39.100 (cerca de R$ 92 mil) por pessoa, que havia sido cancelado após os atentados terroristas de setembro de 2001.
O tour, que fará a circunavegação da América do Sul, é apenas um sinal do crescente interesse por roteiros turísticos de luxo que permitiu à Marriott International e à Starwood Hotels & Resorts Worldwide elevar seus preços.
A demanda por roteiros que vão desde cruzeiros em navios de luxo, ao preço de US$ 17 mil, até safáris na África que custam US$ 60 mil está disparando concomitantemente aos rendimentos dos mais ricos.
"Os "baby boomers" [pessoas que nasceram após a Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos] estão ganhando muito dinheiro", disse Bill Marriott, principal executivo da Marriott International. "As pessoas têm muito dinheiro. Elas estão vendendo suas casas. Elas têm dinheiro para gastar."
Nos hotéis da Starwood que cobram as diárias mais caras, como as redes St. Regis e W, a receita por quarto disponível subirá 11,3% neste ano, ritmo mais rápido do que em qualquer outro segmento do setor hoteleiro e a maior alta desde 1996, segundo a PricewaterhouseCoopers.
O lucro líquido da Starwood saltou 132%, o maior aumento na comparação ano a ano desde 2000, ano mais lucrativo do setor.
"Todos os ramos do setor de viagens terão um desempenho forte neste verão [no hemisfério Norte], mas, se há um segmento que terá um desempenho excepcional, será o "deluxe", que abarca empresas de alto luxo", disse Bjorn Hanson, diretor da divisão de hospitalidade da PricewaterhouseCoopers de Nova York.

Alta nas ações
As ações das maiores cadeias de hotéis subiram com a demanda por viagens turísticas. Os papéis da Marriott dispararam 37% nos últimos 12 meses, comparativamente aos 30% dos 12 meses anteriores no pregão da Bolsa de Valores de Nova York.
As ações da Hilton Hotels, sediada em Beverly Hills, na Califórnia, tiveram valorização de 28% no período, e as da Starwood subiram 31% nos últimos 12 meses.
As reservas do SeaDream Yacht Club para viagens marítimas, que custam até US$ 17.250 por pessoa, cresceram mais de 30% neste ano. Durante as viagens para portos como o de Nice, na França, os clientes dispõem de open bar, um simulador de golfe com 30 buracos, TVs de tela plana, além de champanhe e caviar na praia.
O setor de turismo de luxo voltou e está "à toda", disse Larry Pimentel, executivo que fundou a empresa Coconut Grove, sediada na Flórida, em setembro de 2001. "Se você estiver tendo um desempenho ruim neste ano, deve vender seu negócio ou sair do ramo."

Hotéis de luxo
O crescimento da demanda está estimulando a expansão por hotéis de luxo. A Marriott, a maior empresa hoteleira dos EUA, tem 30 hotéis da marca Ritz-Carlton sendo desenvolvidos ou projetados, disse a empresa, sediada em Bethesda, no Estado norte-americano de Maryland.
A Hilton, a terceira maior empresa do setor hoteleiro dos EUA, abrirá 50 de seus hotéis de luxo Conrad em parceria com o Hilton Group até 2010.
A partir de outubro, os clientes da Abercrombie & Kent poderão tomar o Expresso do Oriente para Machu Picchu, no Peru, mergulhar no litoral da ilha de Páscoa com um mergulhador que trabalhou com Jacques Cousteau, navegar ao longo do Cabo Horn, na região sul da África, onde os oceanos Pacífico e Atlântico se encontram, e dormir no Four Seasons.
"Tivemos três anos muito, muito, muito magros. Após o 11 de Setembro, tudo deu errado", disse Geoffrey Kent, presidente da Abercrombie & Kent, de Londres, cuja receita saltou 40% neste ano. "Agora, a demanda está muito, muito alta."
Os gastos com viagens de luxo começaram a desacelerar junta com a economia dos EUA no primeiro semestre de 2001, um declínio que foi exacerbado pelos atentados do 11 de Setembro e pela Guerra do Iraque.


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