|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mulheres, idosos e crianças levam
tijolos na cabeça por R$ 9 ao dia
DA AGÊNCIA FOLHA, NO PIAUÍ
Sexo e idade avançada não são
obstáculos para quem trabalha
nas atividades ligadas à produção
de tijolos no "mar de lama"
piauiense. Mulheres e idosos não
participam da extração do barro e
da confecção dos produtos, mas
nem por isso deixam de executar
tarefas pesadas e penosas.
É o caso de Rosileine Silva Santos, 30, que carrega em média
2.000 tijolos por dia na cabeça. Sobre um pedaço de pano, empilha
12 deles em duas fileiras e os leva
até a área onde serão queimados
em um forno de barro.
O vaivém começa às 7h e termina às 17h, com um intervalo de
duas horas para o almoço. Pelo
serviço, Rosileine recebe R$ 9 por
dia. Para conseguir cumprir a meta diária, ela conta com a ajuda da
mãe, Maria do Socorro, 66.
"É o que eu sei fazer", diz a mulher, mãe de três filhos, de 14, 6 e 3
anos de idade. Ela conta que começou a carregar tijolos aos sete
anos, para ajudar os parentes que
já trabalhavam na atividade.
Rosileine não quer o mesmo futuro para os filhos, mas acha que a
falta de oportunidades no mercado de trabalho poderá conduzi-los a esse caminho.
As crianças não trabalham,
mas, às vezes, a acompanham na
olaria porque não há com quem
deixá-los. Os mais novos correm
entre pilhas de tijolos e brincam
de imitar a mãe, equilibrando um
pedaço de pedra na cabeça.
Lucro pequeno
Dono da olaria onde trabalha a
mulher, Salomão Fortes da Costa,
56, reconhece a dificuldade do
serviço e a baixa remuneração.
Afirma, entretanto, que não pode
alterar os valores pagos porque
seu lucro "é pequeno".
Segundo ele, descontadas as
despesas, seu ganho por lote de
mil tijolos é de R$ 10. Costa chega
a contratar 30 pessoas e vende 700
mil tijolos por temporada -em
torno de seis meses por ano.
O milheiro do produto é vendido aos intermediários por R$ 80.
Na cidade, ele sai por até R$ 120. O
dono da olaria considera os preços atuais "satisfatórios", mas
acredita que, com o fim do período de chuva, a atividade aumentará e os valores cairão.
Costa fixou um limite de R$ 70
para manter a venda. Se o valor
cair mais, avisou, será obrigado a
paralisar a produção ou a negociar com os trabalhadores a redução dos seus proventos. "No prejuízo não é possível viver."
(FG)
Texto Anterior: Adolescente faz empreendimento próprio em buraco "independente" Próximo Texto: Turismo: Viagens de luxo explodem, e hotéis lucram Índice
|