São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006

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Mercado tem fundo para quase tudo

Cestas de papéis negociadas como se fossem ações crescem em disparada e multiplicam possibilidade de investimento

Especialistas se dividem quanto à durabilidade das ETFs, que já reúnem 200 fundos negociados em Bolsa e US$ 341 bilhões em ativos

REBECCA KNIGHT
DO "FINANCIAL TIMES"

Quer fazer uma aposta na prata? E quanto ao setor aerospacial? Talvez você prefira técnicas alternativas de ponderação? Com quase 200 fundos negociados em Bolsa (ETF) no mercado, tendo sob administração por volta de US$ 341 bilhões em ativos, praticamente qualquer coisa é possível.
E as possibilidades estão se multiplicando. Até mesmo os investidores que se consideram mais atualizados quanto aos produtos quentes do momento podem encontrar dificuldades para manter em dia seu conhecimento dos fundos negociados em bolsa.
O número de ETFs -cestas de papéis concebidas para acompanhar a movimentação de índices e negociadas como se fossem ações -vem crescendo em disparada, e a cada semana surgem no mercado novos e mais ousados produtos.
Segundo a Financial Research Corporation (FRC), empresa de Boston que acompanha a movimentação dos mercados financeiros, este ano já foram lançados 65 ETFs, ante 52 no ano passado. Para colocar esses números em perspectiva, o número de ETFs lançados em 1996 não passou de 17.
De acordo com Dan Dolan, diretor de estratégia de administração patrimonial do Sector SPDRs Trust, administrado pela State Street, "no começo os ETFs foram posicionados como alternativas aos fundos mútuos, mas uma das tendências é usar o ETF como substituto pleno das ações, eliminando riscos associados ao investimento em um único papel".
"Em outras palavras", acrescenta, "por que comprar só a Exxon quando posso investir em um ETF composto por empresas petroleiras e de gás e distribuir o risco?"
Dan Culleton, principal analista de ETFs na Morningstar, que acompanha dados de fundos de investimento, diz que "existe um ritmo frenético de crescimento porque o nicho dos ETFs tem o mais rápido crescimento no mercado de fundos mútuos, que é um mercado muito maduro".
Enquanto os operadores de ETFs exploram iniciativas para o segundo semestre e o futuro, os investidores devem se preparar para chegada de uma nova leva de produtos. "A tendência é de maior especificidade, concentração intensa, opções mais esotéricas", diz Culleton.
A Barclays Global Investors (BGI), maior administradora de ETFs dos Estados Unidos, planeja introduzir diversos produtos que cobrem categorias de ativos de difícil acesso, tais como commodities e papéis de renda fixa.
A State Street pediu licença para criar 17 novos ETFs especializados em setores como lazer, software, aeronáutica, computadores e equipamentos de saúde. Outras administradoras de ETFs estão desenvolvendo índices que incorporam estratégias alternativas de ponderação e cálculo quantitativo.
Os especialistas do setor estão divididos quanto à durabilidade dessa tendência de inovação em termos de produtos. David Haywood, diretor de pesquisa de investimentos alternativos na FRC, acredita que o mercado esteja perto da saturação. "Estamos chegando rapidamente a um ponto no qual existirá um excesso de ETFs."
Mas Avi Nachmany, diretor da Strategic Insight, empresa de pesquisa de administração de ativos, espera que a inovação continue por algum tempo. O motivo, diz ele, é que os compradores de ETFs não são típicos investidores em fundos.
Dolan, da State Street, diz que apenas quando os novos ETFs deixarem de obter sucesso a inovação perderá o ímpeto.

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