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Venda de veículos tem melhor 1º semestre
Com crédito e renda em alta, emplacamentos chegam a 1 milhão no período, crescimento de 26% em relação a 2006
Com exportação reduzida pelo câmbio valorizado, setor foca o mercado interno para expandir
os seus negócios
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
As montadoras comemoram
o melhor primeiro semestre da
história em vendas de veículos
no mercado interno: de janeiro
a junho, foi emplacado 1,082
milhão de carros, caminhões e
ônibus, alta de 25,7% na comparação com o mesmo período
de 2006.
O bom momento, embalado
pelo boom dos financiamentos
e pelo otimismo do consumidor, aparece ainda mais forte
nos números de junho, o segundo melhor mês em vendas
deste ano: os licenciamentos alcançaram 198,8 mil unidades,
33% a mais do que o registrado
no mesmo mês do ano passado.
Os dados preliminares, obtidos pela reportagem (os números oficiais serão divulgados
nesta semana), são referentes
aos emplacamentos realizados
no Renavan (Registro Nacional
de Veículos Automotores).
"É um primeiro semestre atípico", afirma David Wong, vice-presidente da consultoria Kaiser Associates. "A aceleração
geralmente é maior no segundo
semestre. Neste ano, o ritmo do
crescimento está maior do que
o dos últimos seis meses do ano
passado, quando foi vendido
1,034 milhão de unidades."
O melhor mês em licenciamentos em 2007 foi maio, recorde histórico para qualquer
mês, com 211,1 mil veículos emplacados. Quando se calcula a
média de vendas por dia, junho
está ainda mais forte do que
maio, já que tem menos dias
úteis (19, contra 22 no mês retrasado): foram 10.462 unidades emplacadas, ante 9.597
unidades licenciadas em maio.
"Do ponto de vista macroeconômico, como mercado de
trabalho e crédito, tudo está favorável. O consumidor está otimista, acredita que dá para assumir riscos. E as montadoras
estão fazendo lançamentos, o
que também estimula o consumo", afirma o especialista.
O crédito maior, com prazos
cada vez mais longos, aparece
como um dos principais motivos do bom desempenho.
Segundo a Anef (Associação
Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), a carteira de financiamentos de veículos alcançou R$ 66,9 milhões
no primeiro trimestre deste
ano, 23,3% a mais do que mesmo período do ano passado.
A Anef aponta que os recursos liberados pelo Sistema Financeiro Nacional para financiar carros somaram R$ 12 milhões de janeiro a março, alta de
24% na mesma comparação.
"Os juros estão mais aceitáveis, e o leasing [financiamento
que funciona como uma espécie de aluguel do bem que será
comprado com a possibilidade
de aquisição ao final do contrato] cresceu assustadoramente",
analisa o consultor especializado André Beer, que lembra
também a "demanda reprimida" do brasileiro por carros.
"A frota ainda pode crescer
muito. Ainda temos entre oito e
nove habitantes por carros, enquanto países em condições parecidas com a do Brasil estão
entre cinco e seis habitantes
por carro. Quando condições
favoráveis como as atuais aparecem, é lógico que as vendas
cresçam nesse ritmo", diz Beer.
A recente alta no preço do
aço, de 7%, não deve atrapalhar
o crescimento. "O aço representa entre 15% e 18% do custo
do carro. Se houver aumento,
será pouco", diz Wong. Ontem,
a Ford anunciou aumento de
1% para modelos de sua marca.
Riscos
No segundo semestre, a expectativa é que o ritmo de alta
se mantenha, se o cenário macrocenário permanecer. Neste
ano, o recorde de vendas de veículos de 1997 deve ser superado
-estimam-se vendas de 2,3 milhões de unidades.
Mas há riscos. "Não sabemos
se o risco de crédito está piorando ou não. É uma dúvida",
diz Wong. Outra questão é se a
indústria de autopeças agüenta
o fornecimento sem problemas
se o crescimento de vendas de
carros continuar nesse ritmo.
"As surpresas desagradáveis
podem ser o aumento no custo
de combustível e de financiamentos", avalia Beer.
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