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Desvalorização do dólar é um problema dos EUA, diz Lula
Presidente afirma que moeda norte-americana perde valor para todas as demais
Lula descarta intervenção
ao dizer que, se dólar
voltar a subir, inflação
aumenta e trabalhador
perde poder aquisitivo
Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
![](../images/b0307200701.jpg) |
O presidente Lula em evento de comemoração dos 50 anos da Scania no Brasil, em São Bernardo |
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu ontem a
desvalorização do dólar ao déficit fiscal dos Estados Unidos e
deu sinais de que não está disposto a promover uma valorização da moeda que, em benefício dos exportadores, venha a
punir o trabalhador brasileiro.
"O real", disse Lula, "não está
valorizado em relação ao euro,
o real está valorizado em relação ao dólar, porque o dólar está desvalorizado em relação a
todas as moedas do mundo",
disse, em cerimônia em comemoração dos 50 anos de instalação da Scania no Brasil, em
São Bernardo do Campo (SP).
Neste ano, o dólar acumula
queda de 10,29% ante o real, cotado a R$ 1,917.
"O problema do câmbio é um
problema de um débito fiscal
nos EUA, que eles precisam
consertar. Como eles são muito
grandes, as pessoas não têm coragem de falar e ficam achando
que poderemos encontrar um
dólar que seja do interesse de
quem vende", disse, ao acrescentar: "Mas, se o dólar atender
a quem vende, prejudica quem
compra e, sobretudo, prejudica
o trabalhador. Porque, quando
o dólar subir, sobe a inflação, e,
subindo a inflação, cai o poder
aquisitivo do trabalhador. E isso nós não vamos permitir".
Foi uma resposta ao presidente da Scania na América Latina, Michel de Lambert, que,
minutos antes, apontara o câmbio como determinante para a
estratégia da empresa: transformar a unidade brasileira numa plataforma de exportação
para 50 países.
"As pessoas falam do câmbio
como se o presidente pudesse
inventar um número mágico e
dizer: "O dólar vai valer tanto",
disse. "Todo mundo que está
aqui é favorável ao câmbio flutuante. O problema do câmbio
flutuante é que ele flutua, ele
não fica estagnado, porque, se
não, vou ter que criar um câmbio para a indústria automobilística, um para a agricultura,
um para a soja. Não existe essa
possibilidade. Vocês sabem que
estamos comprando quase US$
12 bilhões por ano, intervenção
do Banco Central", discursou.
Ao dizer que se comeu "o pão
que o diabo amassou" para chegar a uma condição única de
crescimento, Lula apontou a
indústria automobilística como prova do cenário positivo. O
momento, disse, deve-se também ao maior número de parcelas para a compra de carros.
"O trabalhador, para comprar um carro, muitas vezes
não olha o preço final. Quem
olha são aqueles que pertencem à classe média alta. O trabalhador que vive de salário vai
olhar se a prestação cabe dentro do seu contracheque."
Na solenidade, Lula lembrou
que aquele pátio foi, em 1978,
palco da primeira greve do país
desde 1964.
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