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BB eleva em 30% verba para financiar safra
Banco deve destinar R$ 39,5 bi para produtores; dinheiro já está disponível nas agências da instituição
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil anunciou
ontem que pretende destinar
R$ 39,5 bilhões para o custeio
da safra 2009/2010, o que, se
confirmado, representará aumento de 30% em relação ao
volume de recursos liberados
na safra anterior. Os financiamentos já estão disponíveis nas
agências do Banco do Brasil.
Os juros cobrados são, em
média, de 6,75% ao ano. O valor
corresponde também a cerca
de 59% de todo o dinheiro que o
governo pretende destinar ao
custeio da safra que começa a
ser plantada neste semestre,
sendo que o restante deve ser
coberto por outros bancos públicos, como o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
Para José Mário Schreiner,
da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), os
recursos oferecidos pelo BB devem compensar a maior parte
da queda nos financiamentos
oferecidos aos produtores pelo
setor privado, por meio das tradings, devido à crise financeira.
Ele ressalta, porém, que é
preciso resolver o problema da
classificação de risco dos produtores feita pelos bancos, que
costumam negar novos empréstimos para aqueles que tenham participado de renegociações de dívidas antigas por
terem ficado inadimplentes no
passado.
No começo da semana, o
CMN (Conselho Monetário
Nacional) modificou as regras
dessa classificação de risco,
permitindo que os bancos sejam mais flexíveis com esses
produtores. Ontem, o BB informou que deve concluir até o final da semana um estudo técnico para anunciar o impacto que
essa mudança pode ter na sua
política de crédito.
Além disso, o BB vai oferecer
aos produtores um seguro contra queda dos preços de produtos agrícolas no mercado. Pelo
mecanismo, o produtor paga
um determinado valor ao BB,
que, em troca, se compromete a
pagar um preço mínimo ao produtor no momento da colheita,
no ano que vem.
Esse seguro será oferecido,
num primeiro momento, apenas aos produtores de milho e
de soja. Para que esse instrumento tenha sucesso, porém,
será preciso que os produtores
aceitem arcar com o custo da
operação, que deve ficar entre
2% e 3,5% do valor total coberto pelo seguro contratado.
"É importante que o produtor inclua o seguro rural na sua
estrutura de custos. Acho que,
com isso, vamos superar essas
sucessivas prorrogações e renegociações que temos visto no
setor nos últimos anos", afirma
Luís Carlos Guedes Pinto, vice-presidente de Agronegócio do
Banco do Brasil.
Para o executivo, a existência
de um seguro ajudaria a garantir o rendimento do setor e reduziria, portanto, os riscos de
inadimplência. Ontem, o governo federal anunciou uma
nova prorrogação nos prazos
para produtores que queiram
renegociar dívidas antigas.
A decisão atinge R$ 8,2 bilhões em débitos atrasados do
setor agropecuário que estão
registrados na dívida ativa da
União -onde estão as cobranças que já foram julgadas por
todas as instâncias administrativas do governo.
Quem está nessa situação tinha até abril para renegociar os
pagamentos, mas esse prazo já
havia sido adiado para o final de
junho e agora passou para o final de setembro. Segundo a
Procuradoria Geral da Fazenda
Nacional, R$ 1 bilhão em dívidas de produtores foi renegociado até agora.
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