UOL


São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESTRUTURA

Participante de fundos quer retorno garantido

DA REPORTAGEM LOCAL

Os trabalhadores que participam de fundos de pensão não querem que o dinheiro destinado a complementar suas aposentadorias seja usado como fonte de recursos baratos para financiar obras no setor de infra-estrutura.
"Esses investimentos devem ser condicionados à participação dos fundos no controle acionário e na gestão da empresa responsável pelos projetos", diz José Ricardo Sassersson, presidente da Anapar (Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão).
Para isso, entretanto, será preciso mudar a legislação que regulamenta as fundações de seguridade. De acordo com a resolução 2.829/2001 do CMN (Conselho Monetário Nacional), a participação dos fundos de pensão no capital de uma empresa não pode superar 20%. "A experiência mostrou que não adianta investir de forma pulverizada em empresas sem participar das decisões", diz.
Segundo ele, a participação de representantes dos fundos de pensão nos conselhos de administração de companhias das quais são acionistas, muitas vezes, desagrada aos controladores.
De acordo com a legislação atual, para ter controle de uma empresa, os fundos de pensão teriam de se unir em um pool na hora de investir. "Não podemos admitir que o fundo entre com dinheiro em um empreendimento sem poder administrá-lo", acrescenta Sassersson.
Na sua opinião, a decisão de investir ou não em projetos de infra-estrutura, como quer o governo, dependerá também da garantia de retorno desses investimentos. "Há setores rentáveis, como o de rodovias, e outros que não dão retorno, como telefonia", diz ele.
Os fundos em geral, trabalham com rentabilidade baseada em um índice de inflação mais juros de 6% ao ano. Hoje esse ganho é obtido, sem susto, com uma concentração de cerca de dois terços das aplicações em renda fixa.
Nesse caso, o retorno é garantido pelos títulos do Tesouro e a liquidez do investimento é diária. Ou seja, o dinheiro pode ser sacado a qualquer momento, enquanto um projeto de uma hidrelétrica ou de uma rodovia demanda tempo para começar a dar lucro.
"Acredito que para os fundos investirem em novos projetos na área de infra-estrutura é preciso baixar os juros e a economia voltar a crescer", diz Sassersson.
Só assim, segundo ele, os fundos de pensão poderão diversificar mais suas aplicações. Na sua opinião, os fundos poderiam participar das licitações de linhas de transmissão de energia e de ferrovias, por exemplo. (SANDRA BALBI)


Texto Anterior: Luís Nassif: A intérprete do Brasil
Próximo Texto: Herança duvidosa: Privatização gerou batalha judicial
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.