São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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Vivo compra Telemig e Amazônia Celular

Negócio, fechado por R$ 1,21 bi, leva operadora a consolidar liderança no mercado nacional, com 33% de participação

Antes do acordo, empresa contava com 28% dos assinantes, contra 26% da TIM; acordo ainda precisa de aval do Cade e da Anatel

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Vivo, maior concessionária de telefonia móvel do país, assinou ontem contrato para a compra da Telemig, operadora líder na telefonia móvel de Minas Gerais, e da Amazônia Celular. O negócio deixa a Vivo com 33% do mercado nacional de telefonia celular -hoje tem 28%-, consolidando a sua liderança no setor, que vinha caindo em relação à TIM (26%) e à Claro (25%). Dá também à operadora o direito de atuar na região de Minas Gerais, terceiro maior mercado do país.
O negócio foi fechado por R$ 1,213 bilhão. Refere-se a 22,7% do capital social da Telemig Celular Participações e a 19,3% da Tele Norte Celular Participações, holdings controladoras, respectivamente, da Telemig e da Amazônia Celular.
Também abrange a aquisição de 18,9% das ações diretas da Telemig e 14,5% das ações diretas da Amazônia Celular.
A Vivo pertence à espanhola Telefónica e à Portugal Telecom. Cada uma tem 50% da operadora brasileira.
No Brasil, a Telefónica também é responsável pela telefonia fixa no Estado de São Paulo, é dona do Terra (internet) e da TVA (TV a cabo), entre outros. A Portugal Telecom, por sua vez, é sócia do Grupo Folha.
De acordo com o presidente da Vivo, Roberto Lima, os clientes da Telemig e da Amazônia Celular "podem ficar tranqüilos". Não há mudanças programadas no curto prazo.
"Elas continuarão operando da mesma maneira, com a mesma estrutura", disse Lima, durante teleconferência com jornalistas ocorrida na noite de ontem. "Mais tarde, esperamos [que a transação] possa se traduzir em preços cada vez mais razoáveis ao consumidor."
Lima informou que o dinheiro para cobrir a aquisição das teles virá do próprio caixa da Vivo. Nada de empréstimos.
Para que o pagamento seja efetivado, no entanto, é preciso que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovem a operação fechada ontem. A Folha não conseguiu contato com a agência e o conselho ontem.
Questionado se terá de abrir mão de algum investimento para garantir o sinal verde da Anatel, o presidente da Vivo admitiu a possibilidade de abrir mão de uma licença e uma freqüência na região amazônica. Mas quem decidirá sobre uma possível compensação, segundo ele, serão os órgãos reguladores. Até lá, a Vivo continua com todas as licenças que tem.
Antes de passar às mãos da Vivo, as ações negociadas pertenciam a fundos de pensão, Citigroup e Opportunity. Por eles, assinou o contrato a Telpart, holding que controla a Telemig Celular Participações e a Tele Norte Celular Participações.

Detalhes
O valor a ser desembolsado pela Vivo poderá ser ainda maior que o anunciado e saltar de R$ 1,213 bilhão para R$ 2,813 bilhões. O cálculo é do presidente da Vivo. Isso porque, disse Roberto Lima, a Vivo se oferecerá para comprar as ações ON (com direito a voto) em poder dos demais acionistas da Telemig Participações e da Tele Norte Leste Participações.
A oferta será equivalente a 80% do valor pago por ação no contrato assinado ontem.
De acordo com Lima, o valor estipulado para as ações ON da Telemig Participações foi de R$ 14,21. No caso da Tele Norte Leste, de R$ 1,85.
Ao desdobrar os números, verifica-se que a Vivo pagou R$ 1,093 bilhão pela Telemig. Outros R$ 120 milhões foram contratados pela Tele Norte Leste.
A Vivo quer realizar também ofertas públicas para comprar as ações PN (sem direito a voto) em poder do mercado.
A assinatura do contrato entre Vivo e Telpart aconteceu ontem à noite, na sede carioca do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados. O escritório foi o conselheiro legal da Vivo. Financeiramente, a operadora foi aconselhada pelo Banco Espírito Santo e pelo Goldman Sachs.
As ações ON da Vivo, que já haviam subido na sexta-feira passada, quando começaram a surgir notícias sobre o negócio com a Telemig e a Amazônia Celular, subiram 0,6% ontem, sendo negociadas a R$ 13,40. Os papéis PN, por seu turno, caíram 1,2%, para R$ 8,20.
As ações ON da Telemig Participações tiveram o valor acrescido em 3,26% ontem, vendidas a R$ 11,40. As ações PN foram na mesma linha, com alta de 2,29%, para R$ 5,34.
Os números demonstram que o mercado, em grande parte, apostava que o negócio de fato aconteceria e o considerou positivo para as empresas.


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