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Vivo compra Telemig e Amazônia Celular
Negócio, fechado por R$ 1,21 bi, leva operadora a consolidar liderança no mercado nacional, com 33% de participação
Antes do acordo, empresa contava com 28% dos assinantes, contra 26% da TIM; acordo ainda precisa
de aval do Cade e da Anatel
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Vivo, maior concessionária
de telefonia móvel do país, assinou ontem contrato para a
compra da Telemig, operadora
líder na telefonia móvel de Minas Gerais, e da Amazônia Celular. O negócio deixa a Vivo
com 33% do mercado nacional
de telefonia celular -hoje tem
28%-, consolidando a sua liderança no setor, que vinha caindo em relação à TIM (26%) e à
Claro (25%). Dá também à operadora o direito de atuar na região de Minas Gerais, terceiro
maior mercado do país.
O negócio foi fechado por R$
1,213 bilhão. Refere-se a 22,7%
do capital social da Telemig Celular Participações e a 19,3% da
Tele Norte Celular Participações, holdings controladoras,
respectivamente, da Telemig e
da Amazônia Celular.
Também abrange a aquisição
de 18,9% das ações diretas da
Telemig e 14,5% das ações diretas da Amazônia Celular.
A Vivo pertence à espanhola
Telefónica e à Portugal Telecom. Cada uma tem 50% da
operadora brasileira.
No Brasil, a Telefónica também é responsável pela telefonia fixa no Estado de São Paulo,
é dona do Terra (internet) e da
TVA (TV a cabo), entre outros.
A Portugal Telecom, por sua
vez, é sócia do Grupo Folha.
De acordo com o presidente
da Vivo, Roberto Lima, os
clientes da Telemig e da Amazônia Celular "podem ficar
tranqüilos". Não há mudanças
programadas no curto prazo.
"Elas continuarão operando
da mesma maneira, com a mesma estrutura", disse Lima, durante teleconferência com jornalistas ocorrida na noite de
ontem. "Mais tarde, esperamos
[que a transação] possa se traduzir em preços cada vez mais
razoáveis ao consumidor."
Lima informou que o dinheiro para cobrir a aquisição das
teles virá do próprio caixa da
Vivo. Nada de empréstimos.
Para que o pagamento seja
efetivado, no entanto, é preciso
que a Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) e o Cade
(Conselho Administrativo de
Defesa Econômica) aprovem a
operação fechada ontem. A Folha não conseguiu contato com
a agência e o conselho ontem.
Questionado se terá de abrir
mão de algum investimento para garantir o sinal verde da
Anatel, o presidente da Vivo admitiu a possibilidade de abrir
mão de uma licença e uma freqüência na região amazônica.
Mas quem decidirá sobre uma
possível compensação, segundo ele, serão os órgãos reguladores. Até lá, a Vivo continua
com todas as licenças que tem.
Antes de passar às mãos da
Vivo, as ações negociadas pertenciam a fundos de pensão, Citigroup e Opportunity. Por eles,
assinou o contrato a Telpart,
holding que controla a Telemig
Celular Participações e a Tele
Norte Celular Participações.
Detalhes
O valor a ser desembolsado
pela Vivo poderá ser ainda
maior que o anunciado e saltar
de R$ 1,213 bilhão para R$ 2,813
bilhões. O cálculo é do presidente da Vivo. Isso porque, disse Roberto Lima, a Vivo se oferecerá para comprar as ações
ON (com direito a voto) em poder dos demais acionistas da
Telemig Participações e da Tele
Norte Leste Participações.
A oferta será equivalente a
80% do valor pago por ação no
contrato assinado ontem.
De acordo com Lima, o valor
estipulado para as ações ON da
Telemig Participações foi de R$
14,21. No caso da Tele Norte
Leste, de R$ 1,85.
Ao desdobrar os números,
verifica-se que a Vivo pagou R$
1,093 bilhão pela Telemig. Outros R$ 120 milhões foram contratados pela Tele Norte Leste.
A Vivo quer realizar também
ofertas públicas para comprar
as ações PN (sem direito a voto)
em poder do mercado.
A assinatura do contrato entre Vivo e Telpart aconteceu
ontem à noite, na sede carioca
do escritório Machado, Meyer,
Sendacz e Opice Advogados. O
escritório foi o conselheiro legal da Vivo. Financeiramente, a
operadora foi aconselhada pelo
Banco Espírito Santo e pelo
Goldman Sachs.
As ações ON da Vivo, que já
haviam subido na sexta-feira
passada, quando começaram a
surgir notícias sobre o negócio
com a Telemig e a Amazônia
Celular, subiram 0,6% ontem,
sendo negociadas a R$ 13,40.
Os papéis PN, por seu turno,
caíram 1,2%, para R$ 8,20.
As ações ON da Telemig Participações tiveram o valor
acrescido em 3,26% ontem,
vendidas a R$ 11,40. As ações
PN foram na mesma linha, com
alta de 2,29%, para R$ 5,34.
Os números demonstram
que o mercado, em grande parte, apostava que o negócio de
fato aconteceria e o considerou
positivo para as empresas.
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