São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

São Paulo terá dois outlets de luxo até 2010

Estimativa é que estabelecimentos, em Itupeva e em São Roque, vendam produtos de grife com descontos de até 70%

Fortalecimento da economia brasileira estimula grifes a descongelarem planos para o país; negócios de luxo devem faturar US$ 6,75 bi em 2008

CLAUDIA ROLLI
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo vai ganhar dois outlets de luxo até 2010 para atender a consumidores acostumados a viajar ao exterior em busca de descontos de até 70% nas compras de produtos de grifes.
O primeiro deles, o Premium Outlets São Paulo, vai abrir as suas portas em novembro deste ano em Itupeva, a cerca de 70 km da capital. O segundo está previsto para ser inaugurado em dois anos em São Roque (a 67 km da capital), como parte de um projeto de um novo bairro nessa cidade -o Parque Catarina.
O lançamento desses dois outlets de luxo reflete o amadurecimento do setor, apesar de os empreendimentos surgirem com atraso em relação aos demais países. Em menos de uma década, o Brasil abriu suas portas para as grifes de luxo estrangeiras e viu se consolidarem marcas nacionais.
Com investimento de R$ 80 milhões, o outlet de Itupeva, localizado ao lado do shopping SerrAzul, na rodovia dos Bandeirantes, terá cerca de cem lojas, com 200 a 800 metros quadrados cada uma.
A maior delas será a Armani, uma das 60 que já assinaram contrato com o shopping. Na lista das grifes que se instalarão no shopping, estão Diesel, Calvin Klein, Adidas, Puma, entre outras. Nike, Hugo Boss, Ermenegildo Zegna, Ralph Lauren e Tommy Hilfiger estão em fase final de negociação, segundo a Folha apurou.
Metade das marcas que serão vendidas no local deve ser nacional, e o restante, estrangeira. A estimativa é que o faturamento bruto das cem lojas chegue a R$ 312 milhões ao ano.
Para Carlos Ferreirinha, diretor-presidente da consultoria especializada em luxo MCF e ex-presidente da Louis Vuitton no Brasil, nos artigos de coleções passadas, os descontos deverão girar em torno de 70%. Nas peças atuais, entre 10% e 15%. "Na média, o outlet só faz sentido para descontos médios de 30%", afirma.
Nos EUA, esse negócio deu tão certo que 40% das vendas de grifes como Ralph Lauren são feitas em outlet. "É uma oportunidade para escoar os estoques, as antigas coleções, mantendo a imagem das marcas, a identidade e seu padrão de atendimento", diz André Costa, diretor de transações da Jones Lang LaSalle-Brasil, uma das consultorias responsáveis pela venda de espaços.
Fora do Brasil, segundo o consultor, há uma indústria voltada para o segmento de outlets. No Brasil, ao menos cinco marcas nacionais já informaram que pretendem fabricar produtos exclusivos para atender a esse mercado.

São Roque
O Parque Catarina deve ser lançado neste ano no bairro de mesmo nome em São Roque. A previsão é que o outlet esteja pronto em 2010.
No empreendimento, haverá área para lazer, com spa, centro eqüestre, minizoo, clubes, além de um centro comercial e o shopping center outlet de marcas premium. Várias grifes já foram procuradas, mas ainda não há negócios firmados, segundo informaram.
Sem revelar valores, a JHFS, construtora responsável pelo negócio, confirma o projeto e afirma que prevê ainda o lançamento de um hospital, um centro educacional integrado -até uma universidade deve se instalar no local-, escritórios comerciais e igreja, além de casas e apartamentos.

Luxo no Brasil
O fortalecimento da economia brasileira, que culminou com o grau de investimento conferido por duas agências de risco, estimulou as grifes a descongelarem seus planos para o país. Hermés e Gucci estão entre as que decidiram desembarcar no país com lojas próprias. Enquanto isso, grifes instaladas há mais tempo -como Hugo Boss, Armani, Ermenegildo Zegna- se consolidaram em pontos tradicionais de venda (lojas e shoppings).
São elas que agora se voltam aos outlets, um empreendimento com custo operacional mais baixo -aluguéis 50% mais baratos do que os dos shoppings tradicionais e custos com condomínios entre 50% e 70% menores- e que oferece condições para "desovar" estoque.
Os negócios de luxo devem faturar US$ 6,75 bilhões em 2008, contra US$ 2,95 bilhões em 2005. Em dois anos, o investimento saltou de US$ 420 milhões para US$ 790 milhões, em 2008, considerando campanhas de marketing, despesas com a construção de lojas e a compra de mercadorias.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: TCU vai fiscalizar fusão entre Oi e Brasil Telecom
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.