São Paulo, segunda, 3 de agosto de 1998

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INTERNET
Previsão de especialistas é que a troca de micros por causa do temor do bug do milênio irá alavancar vendas
Negócios da rede devem crescer mais em 99

do Universo Online

A curva de crescimento da Internet no Brasil pode acelerar ainda mais em 1999. É o que acredita Antonio Tavares, diretor presidente da Abranet (Associação dos Provedores de Acesso, Conteúdo e Informação na Internet) e diretor do provedor de acesso Dialdata.
"No ano que vem, grande parte dos PCs em uso vai ter de ser trocada por novos, devido ao bug do milênio (muitos computadores usam só os dois dígitos finais para identificar o ano, e não distinguirão entre ano 2000 e 1900)", diz.
"Só o Bradesco vai trocar 35% do seu parque. O mesmo deve acontecer em outras empresas e com usuários domésticos. A projeção de venda de computadores no Brasil em 1999 é de 8 milhões."
Para Tavares, isso significa que, além de aumentar o número de computadores novos, as máquinas antigas, desvalorizadas, vão ser reaproveitadas por usuários de renda mais baixa. "Com a privatização das teles, deve aumentar o número de linhas disponíveis no mercado. Os serviços de modem de cabo também estão aí, só esperando aprovação da Anatel."
O crescimento da Internet está gerando também novos empregos, em áreas de suporte, treinamento, produção de conteúdo, programação etc. "De acordo com o último estudo da Abranet, foram gerados 30 mil empregos em 1997. Nossa expectativa é que este número dobre em 98 e chegue a 90 mil em 1999."
Já Sílvio Genesini, sócio-diretor da Andersen Consulting, acredita que o crescimento da Internet no Brasil pode ser contido pelo poder aquisitivo da população. "Por enquanto, a expansão se deu nas classes A e B", diz. "Uma grande fatia do mercado de Internet hoje no Brasil é o chamado "business-to-business' (transações entre empresas), que representa 70% a 80% das transações realizadas."
A expectativa de Genesini é que o comércio eletrônico se concentre em áreas como turismo, veículos, serviços financeiros, livros e CDs. "O que ainda não apareceu no Brasil é o grande site intermediário, que agrega uma quantidade de serviços de determinada área." Um exemplo seria o Carpoint, serviço sobre carros da Microsoft.
"Em alguns casos a Web tem se mostrado um excelente veículo para vendas diretas, como é o caso da Dell Computers, nos EUA", diz Genesini. "Mas acredito que o mercado vá começar a se consolidar em torno de agregadores, que forneçam comparação de preços e outros serviços."

Publicidade
As agências de publicidade não estão com muita pressa de pegar o bonde da Internet -alegam dificuldades de medir a audiência dos sites. Segundo Ângelo Franzão, diretor de mídia da McCann Erickson, porém, já começa a compensar incluir a Internet no planejamento das campanhas.
"A Internet já chega a representar 0,8% do nosso faturamento", afirma ele. "Estamos satisfeitos com o retorno de campanhas como a da GM e da HP." A McCann montou um departamento somente para a criação de mídia interativa, ao contrário de muitas agências, que repassam os trabalhos para pequenas produtoras.
Para Antonio Tavares, é possível deduzir quais serão os maiores anunciantes da Web. "Os principais anunciantes brasileiros são Gessy Lever, Casas Bahia, Lopes Imóveis, Fiat, GM, Bradesco, Itaú e Ford. Com certeza os que vão predominar na Internet são aqueles que se dirigem aos públicos A e B, como Ford, Fiat, GM, e aqueles que podem tirar partido de serviços interativos. Como Lopes Imóveis (serviços de busca de imóveis), Bradesco e Itaú (serviços bancários via Internet)." (ME)


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