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PÓS-GREVE
Exigência de socorro rápido pode cair com mudança nos contratos das rodovias federais privatizadas
Pedágio congelado pode piorar estradas
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
As alternativas em estudo no
governo para evitar aumentos de
preços dos pedágios das rodovias
federais privatizadas poderão
piorar as condições das estradas.
O governo admite rever os compromissos de investimentos das
empresas concessionárias e algumas exigências do negócio, como
a prestação rápida de socorro.
Segundo o diretor de concessões rodoviárias do DNER (Departamento Nacional de Estradas
de Rodagem), Lívio Assis, o governo não cogita reduzir o lucro
das empresas, fixado nos contratos de concessão das rodovias à
iniciativa privada.
Com base em estudos encomendados pelo ministro Eliseu
Padilha (Transportes), o diretor
avalia que é impossível atender à
reivindicação dos caminhoneiros,
de reduzir a tarifa do pedágio a R$
1 por eixo de caminhão. A idéia é
evitar reajustes cortando custos.
Pelos contratos, as empresas
que administram os cinco trechos
de rodovias já concedidos pela
União têm taxas de retorno de
seus investimentos fixadas entre
16,48% e 23,99% ao ano.
Quando as taxas foram estabelecidas, entre dezembro de 1994 e
março de 1997, o governo estimava um crescimento mais acelerado da economia brasileira.
Na via Dutra, a concessionária
Nova Dutra tem retorno garantido de 17,91%.
O investimento programado na
rodovia é de quase R$ 800 milhões no prazo de 25 anos da concessão. Até junho, já haviam sido
investidos R$ 634 milhões, com financiamentos do BNDES e do
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento).
Para o diretor administrativo e
financeiro da Nova Dutra, Fábio
Corrêa, 54, o reajuste da tarifa não
pode ser adiado por mais de seis
meses "sem sacrificar o programa
de investimentos".
Mesmo assim, diz ele, alguns
serviços devem ser adiados, como
a pavimentação de pistas, que pode ter sua frequência reduzida.
Outros investimentos passíveis
de adiamento são a construção de
trevos e acessos e o alargamento
de pontes.
O único risco assumido pelo
concessionário é a eventual queda
do tráfego nas estradas, o que
aconteceu no primeiro trimestre
do ano em quatro dos cinco trechos federais privatizados. O preço do pedágio não pode compensar esse tipo de queda de receita.
Os contratos garantem às concessionárias o reajuste anual das
tarifas, com repasse aos preços
dos pedágios dos índices de inflação. Investimentos antecipados
ou maiores do que os previstos no
contrato também têm de ser cobertos por aumento de tarifa.
Relatório trimestral de acompanhamento das concessões a ser
divulgado hoje pelo Ministério
dos Transportes mostra que todas as empresas concessionárias
investiram menos do que haviam
programado nos contratos.
Somente a CRT, que administra
o trecho Rio de Janeiro-Teresópolis, e a Ponte, que administra a
ponte Rio-Niterói, atendem o padrão de qualidade do pavimento.
Qualquer medida de contenção
de reajuste dos pedágios depende
de mudança nos contratos. Nas
rodovias estaduais privatizadas, a
renegociação dos contratos é
prerrogativa dos Estados. O ministério avalia que os maiores
problemas de pedágio ocorrem
nas rodovias de São Paulo.
O governo chegou a discutir alteração nas regras contratuais,
mas a idéia não prosperou. Documento do DNER, datado de março de 1998, já alertava que os reajustes dos pedágios vinham ocorrendo ""em número e percentuais
acima do razoável".
Colaborou Rodrigo Vergara, da Reportagem Local
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