São Paulo, terça-feira, 03 de setembro de 2002

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PREÇOS

Fornecedores não conseguem repassar alta do dólar em insumos importados; varejo recusa reajuste e melhora margem

Indústrias e lojas acirram disputa por lucro

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A margem e a rentabilidade alcançadas pelo varejo neste ano têm seguido sentido contrário ao das obtidas pela indústria. Se as redes ganham margem, como ocorre agora, os fornecedores perdem -e vice-versa. Esse movimento tornou-se evidente nos últimos meses e já cria atrito entre as partes. A razão: a indústria ainda tem dificuldade em repassar às redes os aumentos nos custos dos insumos importados -após a escalada do dólar.
Além disso, nas atuais promoções do varejo são também os fornecedores que têm bancado boa parte das reduções nos preços verificadas nas prateleiras. Isso reduz o ganho das empresas.
O resultado não poderia ser diferente: essa perda na margem tem sido usada pela indústria como novo fator de pressão na hora de negociar novos reajustes de preços a partir deste mês, segundo a Folha apurou. Na prática, o que a indústria tem feito é mostrar, por meio de balancetes, que está com margens apertadas e, por isso, não pode mais bancar as promoções.

Poder de barganha
Apenas nos setores em que há poucas indústrias atuando -como o de bebidas- a margem da indústria não foi comprometida. Isso ocorre porque, como são poucas no mercado, essas empresas têm maior poder de barganha na hora de sentar e fechar os preços com as lojas.
A margem líquida corresponde à porcentagem de lucro líquido em relação ao total do faturamento. Por exemplo, se uma loja vende um televisor com 10% de acréscimo em relação ao seu preço de custo, e os seus gastos para vendê-lo equivalem a 5%, sua margem corresponderá a 5% do preço de venda.
Do outro lado da mesa, entre os varejistas, os números são bons. Levantamento da Economática mostra que o Ponto Frio, rede de eletrônicos, registrava margem líquida de 2,49% em junho -no mesmo período de 2001, estava em 0,89%. O número é superior ao apurado em dezembro (1,67%). A rentabilidade também cresceu e passou de 4,31% em junho do ano passado para 10,38% um ano depois.
Na esteira do Ponto Frio, a Lojas Americanas também pulou de uma margem negativa (-1,65%) em junho de 2001 para 5,14% no mesmo período deste ano. Seus fornecedores -que vendem de eletrônicos a alimentos- acumulam rentabilidade e margem apertadas (leia texto ao lado).
"A melhora na margem está relacionada com os progressos verificados nas negociações com fornecedores", informa o Pão de Açúcar em seu último balanço trimestral, que cita outras alterações que melhoraram seu resultado.
Dados da Economática mostram que a rentabilidade sobre o patrimônio da rede passou de 7,37% em dezembro de 2001 para 7,52% em junho deste ano. Em junho de 2001, porém, estava mais elevada, em 9,43%.


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