São Paulo, terça-feira, 03 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EM TRANSE

Diretor-geral da agência vê "especulação desenfreada" e afirma que "situação favorável" volta após as eleições

Controle de preço vai até eleição, diz ANP

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

CÍNTIA CARDOSO
JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

O diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Sebastião do Rêgo Barros, admitiu ontem que o controle sobre os preços do gás de cozinha (GLP) deve durar até o final das eleições presidenciais, em outubro.
Ao ser questionado sobre a manutenção de intervenção no setor somente no período eleitoral, Rêgo Barros afirmou que ""é muito provável que isso aconteça, embora esse fator [a eleição" não seja determinante".
O diretor disse mais tarde, em outra entrevista, que se baseou no argumento de que, passado o pleito, haverá um recuo na cotação do dólar -e, em tese, menor pressão por reajustes, uma vez que petróleo e derivados são cotados em dólares. ""Estamos enfrentando um momento de especulação desenfreada contra o real, influenciada por razões políticas, e um aumento do preço do petróleo no mercado internacional", afirmou Rêgo Barros. ""Não é essa a intenção (controle de preços) do governo nem o caminho a ser seguido. Tão logo retornemos a uma situação favorável, deixaremos de intervir", disse. Acrescentou que a ""situação favorável" só deve se confirmar ""pós-eleições".

Redução de preço
Em meados do mês passado, o governo determinou uma redução de 12,4% no preço do GLP (gás liquefeito de petróleo) na refinaria. Essa desconto deveria ser repassado pelos distribuidores ao consumidor. Duas semanas depois, a Secretaria de Direito Econômico iniciou investigação contra distribuidoras por suposta formação de cartel para estabelecer cotas e preços do produto -em geral, os descontos ao consumidor não superaram os 6%.
O diretor-geral da ANP sustenta ainda que o controle de preços deve-se a singularidades do mercado de gás. ""Esse é um produto de consumo básico em todas as camadas da população que não pode ser substituído por outra forma de energia", disse ele.
A mesma defesa partiu de dirigentes do setor petrolífero e representantes de empresas.
""O governo pode até até praticar algum tipo de política de subsídios ou de controle. É legítimo que defenda seus interesses. Desde que tal prática não perdure por muito tempo. A premissa básica do livre mercado deve ser mantido", afirmou João Carlos de Luca, presidente do IBP (Instituto Brasileira do Petróleo) e da filial brasileira da Repsol-YPF.


Texto Anterior: Negócio: Empresa de software de Brasília faz joint venture com gigante indiana
Próximo Texto: Gros, da Petrobras, volta a criticar controle de preços de combustível
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.