São Paulo, terça-feira, 03 de setembro de 2002

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Gros, da Petrobras, volta a criticar controle de preços de combustível

France Presse
Maquete de refinaria de óleo no Congresso Mundial do Petróleo


DOS ENVIADOS AO RIO

DA SUCURSAL DO RIO

Enquanto Sebastião do Rêgo Barros, diretor-geral da ANP, estabelecia prazo para o eventual fim do controle de preços, no começo do 17º Congresso Mundial do Petróleo, a menos de cinco metros dele, o presidente da Petrobras, Francisco Gros, afirmava que mercado e competição ""significam ter paridade de preços com o mercado internacional".
""Temos duas opções. Acreditar que livre competição significa paridade de preços com do mercado internacional ou voltarmos ao monopólio estatal", disse Gros sobre à decisão do governo de intervir nos preços do gás.
Ainda segundo Gros, a Petrobras nada mais fez que acatar uma decisão do governo, mas a estatal posiciona-se a favor do ""mercado competitivo"
""A Petrobras está há 45 anos no mercado, prosperou sob um regime de liberdade vigiada [de preços" e tem condições de se adaptar a qualquer condição que o governo decida. O que não sobrevive é a competição", completou Gros em referência à uma eventual decisão de manter-se indefinidamente o controle de preços.
Segundo especialistas do setor, o governo está usando a Petrobras como instrumento de política monetária. Isto é: para evitar mais inflação por conta da alta do gás. O produto já subiu 38% neste ano, segundo o IPCA. O aumento foi alvo de críticas dos principais candidatos, inclusive o governista José Serra (PSDB).
O regime de liberdade completa de preços prevalece desde o início deste ano e coincide com a permissão para que outras companhias possam concorrer com a Petrobras na importação de derivados. Até então, essa era uma atividade exclusiva da estatal. Foi a última etapa do processo de quebra do monopólio da estatal, iniciado em 1997.
Na última semana, a Petrobras informou que vai reduzir em 20% a importação de GLP. Segundo a estatal, o propósito é fazer com que as concorrentes assumam a responsabilidade (e os riscos) por essa parcela das importações. O GLP é um derivado menos rentável do que a gasolina e o diesel. Por isso, a estatal preferiu abdicar de parcela desse segmento para priorizar os dois outros produtos.
Os concorrentes alegam que, devido à estrutura logística e o conhecimento do mercado, é quase impossível competir no mercado de gás com a estatal. Em caso extremo, o governo obrigaria a Petrobras a rever sua decisão ou a ANP pode determinar cotas de importação às distribuidoras.


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