São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

BC deve manter alta de 0,75 ponto na Selic, afirma LCA

Apesar da melhora das projeções para a inflação deste ano, o Banco Central vai continuar a adotar uma posição conservadora nas próximas reuniões e só vai interromper o aumento dos juros no ano que vem. Essa é a tese da LCA, que prevê elevação de 0,75 ponto percentual na Selic na próxima semana.
De acordo com o boletim Focus, divulgado pelo BC a partir das expectativas do mercado, a projeção para o IPCA caiu pela quinta semana seguida. Os analistas acreditam que a inflação não ultrapassará o teto da meta e que fechará o ano em 6,32% -na edição anterior, a expectativa era de 6,34%.
Para a consultoria, a desaceleração da inflação ainda é incipiente, mesmo com a moderação do ritmo da inflação em julho e em agosto. "Os preços do petróleo e dos alimentos estão ensaiando uma acomodação em níveis ainda elevados", diz relatório da consultoria.
Francisco Pessoa Faria, economista da LCA, diz, entretanto, que o cenário externo pode ajudar a controlar a alta de preços e levar a inflação rumo ao centro da meta em 2009. A LCA prevê que o BC interrompa o aumento dos juros na primeira reunião do ano que vem.
"Se a cotação do barril de petróleo ficar abaixo de US$ 110, é possível desengatilhar um possível aumento do preço da gasolina e do aço", diz Faria.
No mercado interno, a LCA argumenta que ainda não surgiram evidências recentes que reduzam o desconforto que o BC tem demonstrado com o aquecimento da atividade econômica doméstica.
O dinamismo do crédito, a tímida redução do consumo e o bom desempenho do mercado de trabalho provam que a economia continua aquecida neste ano, afirma a consultoria.
Segundo a LCA, a trajetória da inflação nos próximos meses será de desaceleração lenta e irregular. A expectativa é que, além do aumento de 0,75 ponto percentual na próxima semana, o BC aumente a taxa de juros mais duas vezes neste ano, em 0,5 ponto percentual em cada uma das duas reuniões do quarto semestre, até que a Selic feche o ano em 14,75%.

AOS QUATRO VENTOS
A multinacional de origem argentina Impsa investirá R$ 220 milhões na fábrica de geradores de energia eólica que será inaugurada no sábado no porto de Suape, em Pernambuco. Até agora, os investimentos totalizaram R$ 145 milhões. A empresa pretende exportar os geradores, mas, inicialmente, vai focar no mercado interno. "O Brasil está na vanguarda em energias alternativas e, comparado a outros países, há uma política forte para o setor", diz Luis Pescarmona, presidente da multinacional. Ele afirma que os financiamentos de longo prazo disponíveis no país devem ajudar as vendas locais. Além de fornecer equipamentos, a Impsa também fará geração de energia. A companhia é responsável pela construção de 13 parques eólicos -foram iniciadas as obras de 3 deles no Nordeste e 10 começam a ser montados em Santa Catarina neste mês.

NO CAIXA
Os correspondentes bancários já são responsáveis por 1,6 bilhão de transações ao ano, ou 6 milhões de pagamentos e recebimentos por dia, considerando só dias úteis. O canal também causou crescimento nas operações de crédito -de 9.000 em 2002 para 513 mil em 2007. O aumento de canais alternativos para atendimento bancário é um dos temas do seminário sobre microfinanças que o Banco Central promove de 29 deste mês a 1º de outubro, em Belo Horizonte, em parceria com o Sebrae. As inscrições vão até o dia 15 no site do BC.

NA SACOLA
O merchandising em shoppings do Brasil cresceu 60% nos últimos dois anos, segundo estudo do Ibope para a Abrasce. O setor automotivo e de concessionárias representa 85% dos anunciantes. O estudo será divulgado em congresso, em SP, na próxima semana.

NA PISTA
O ex-piloto de F-1 Tarso Marques, hoje na Stock Car Brasil, vai investir em entretenimento. Marques, que atualmente comanda uma empresa que customiza veículos de luxo, abrirá uma unidade do Cafe de la Musique em Curitiba. Com R$ 2,5 milhões, a unidade segue o cardápio da casa paulistana. Para Kadu Paes, sócio de Marques, a idéia é abrir três unidades por ano, até o fim de 2010.

NA FLORESTA
Jeans Stoltenberg, primeiro-ministro norueguês, chega ao Brasil no dia 15 para a Rio Oil & Gas 2008. Stoltenberg também vai a Santarém (PA) conhecer projetos sobre reflorestamento e questões indígenas.

Nº de falências decretadas cai 37% até agosto

O volume de falências decretadas caiu 37,5% de janeiro a agosto em relação ao mesmo período do ano passado e registrou a maior queda desde a nova Lei de Falências, de 2005, aponta o indicador Serasa de Falências e Recuperações.
Nos oito primeiros meses do ano, foram decretadas 656 falências, contra 1.050 no mesmo período de 2007. A redução das falências requeridas, até agosto, foi de 23% (1.505 pedidos em 2008 e 1.960 no período anterior).
Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa, diz que os números refletem o amadurecimento das empresas em relação ao crédito e à administração dos empréstimos.
"As empresas estão tomando mais crédito que o consumidor, mas a inadimplência das pessoas jurídicas cai, enquanto a dos consumidores sobe", afirma Almeida.
O especialista avalia que, apesar do aumento dos juros, que deixou o crédito mais caro no país, as empresas aprenderam até onde podem ir ao pedir empréstimos. "É um comportamento novo na economia brasileira."
No ano passado, o número de falências requeridas de janeiro a agosto caiu 29,6% em relação ao mesmo período de 2006 e o volume de falências decretadas recuou 26,5%.
De acordo com o levantamento da Serasa, na comparação de agosto de 2008 com o mesmo mês de 2007, houve uma queda de 35,8% nas falências decretadas.

com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI



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